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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O Delírio é a Lira do Poeta


 

Desde a primeira vez que pisaram juntos o palco, em 2006 para homenagear Mário Quintana, que Artur Gomes e May Pasqueti vem afinando a química que os envolve num diálogo refinado que vai do delírio do lírico ao delicado do Erótico. Eles já foram atração na Fenavinho, em 2007, com Celebração do amor em Estado de Vinho e Uva, e no Congresso Brasileiro de Poesia em Bento Gonçalves.

Em Bento Gonçalves voltaram a estar juntos em, 2009  e 2010, bem como no Parque das Ruínas em Santa Teresa – Rio de Janeiro no evento Pop Rock Poesia, onde foi filmado o vídeo abaixo. Este ano com um repertório que vai da poesia de Artur Gomes a Sérgio Sampaio, passando por Torquato Neto, Paulo Leminski, Adélia Prado e Affonso Romano de Sant´anna eles apresentam o espetáculo poético O Delírio é A Lira do Poeta se o Poeta Não Delira sua Lira não Profeta.

Delírio 1

de Dante a Chico Buarque 
todos os poetas 
já cantaram suas musas 

Beatriz são muitas 
Beatriz são quantas 
Beatriz são todas 
Beatriz são tantas 

algumas delas na certa 
também já foram cantadas 
por este poeta insano e torto 
pra lhes trazer o desconforto 
do amor quando bandido 

Beatriz são nomes 
mas este de quem vos falo 
não revelo o sobrenome 

está no filme sagrado 
na pele do acetato 
na memória do retrato 
Beatriz no último ato 
da Divina Comédia Humana 
quando deita em minha cama 
e come do fruto proibido 

Delírio 2

te procurei na Ipiranga 
não te encontrei na Tiradentes 
nas tuas tralhas tuas trilhas 
nos trilhos tortos do Braz 
fotografei os destroços 
na íris do satanás 

a cara triste da Mooca 
a vaca morta no trem 
beleza no caos: urbana 
beleza é isso também 

meu bem ainda mora distante 
deste bordel carnavalho 
a droga a erva o bagulho 
Tietê um tonto espantalho 

Delírio 3

nossas palavras escorrem
pelo escorrer dos anos
estradas virtuais fossem algaravias
nosso desejo que não se concreta

e
eu tenho a fome entre os dedos
a sede entre os dentes
e a língua sobre a escrita
que ainda não fizemos

e o que brota desse amor latente
se o desejo é tua boca
no lençol dos dias?

Delírio 4

não sou iluminista nem pretender 
eu quero o cravo e a rosa 
cumer o verso e a prosa 
devorar a lírica a métrica 
a carne da musa 
seja branca negra amarela 
vermelha verde ou cafuza 

eu sou do mato 
curupira carrapato 
sou da febre sou dos ossos 
sou da Lira do Delírio 
São Virgílio é o meu sócio 

Pernambuco Amaralina 
vida breve ou sempre vida/severina 
sendo mulher ou só menina 
que sendo santa prostituta 
ou cafetina devorar é minha sina 
e profanar é o meu negócio 

Delírio 5

- essa estrada que vai dar
no mar dos teus mistérios
ou
essa estrada que vai dar
no mar dos teus silêncios
ou
apenas o caminho para o mar
na coluna vertebral
dos teus suplícios
ou
o poema puro ofício
de te oferecer amor, meu vício
e te querer estrada. sim

Federico Budelaire – viagens insanas



quinta-feira, 11 de agosto de 2011

não fosse essa jura seceta



não fosse essa jura secreta
músculo de poeta que se move
retesado quando o teu olhar me aflora
falaria de algum mar que não conheço
imaginário como os girassóis entre os teus pêlos
e a flor de lótus que amanhece estrela
se abrindo em conchas no teu céu da boca
quando ponho a fala no teu abstrato
como  fosse o vinho  todo absinto
quando sinto o tempo solidão não sinto
atravesso a noite quando atravesso
o teu pulsar lá dentro  no teu mundo entro

por quanto tempo queres quietinha
contar minhas mãos e os meus dedos
se eles querem em segredo
fazer cócegas no teu ventre
passear por tuas pernas entre
a pele e o tecido que te veste

se queres o meu amor absoluto
te entrego o líquido e o bruto
muito mais que amor perfeito
tudo mais que do meu corpo queres ter
a flor que pulsa em minha carne no  meu osso
e faz de mim um novo ser em alvoroço
quando é possível estar bem dentro de você

arturgomes