segunda-feira, 22 de março de 2010

Oficina Cine Vídeo Poesia

Dia 27 março – 14 às 18:00h
Casa Cenográfica – Núcleo de Produção Áudio Visual
Rua Marquês de Rabicó, 240 – Gurilândia - Taubaté-SP
Direção: Artur Gomes – confira aqui: http://valepoetico.blogspot.com

Queimando Em Mar de Fogo


entreDentes 3

olhei a cara do tempo
ela estava fechada
não me dizia nada

pensei as sagaraNAgens
que o tempo fazia comigo
peguei do tempo o umbigo
cortei na ponta da faca

e a tua cara de vaca
sangrei sem nenhum remorso
porque isso o tempo não tem

agora o tempo sorri
me mostra os dentes da boca
e a tua cara de louca
é a minha cara também

arturgomes
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sábado, 6 de março de 2010

jura secreta 71



por enquanto
vou te amar assim em segredo
como se o sagrado fosse
o maior dos pecados originais
e a minha língua fosse
só furor dos canibais
e esta lua mansa fosse faca
a afiar os versos que inda não fiz
e as brigas de amor que nunca quis
mesmo quando o projeto
aponta outra direção embaixo do nariz
e é mais concreto
que a argamassa do abstrato

por enquanto
vou te amar assim
admirando o teu retrato
pensando a minha idade
e o que trago da cidade
embaixo as solas dos sapatos.

arturgomes
http://artur-gomes.blogspot.com/


como é possível encarnar o impossível.


diga-me grande deus/pessoa
como é possível encarnar o impossível?

a flauta toca as vértebras
vazando carnes e músculos
antes da chegada aos osso
a água na pele são rajadas elétricas
como facões no escuro
luz da paixão d/entre caos
estilhaços da alma sem dó

eu falo do que posso
mar estético mangue estático
e esse desejo tântrico de não ser daqui
cacomanga era uma terra intácta
em seus milênios de solidão

cavalos pastam nas cocheiras
esporas na pele borboletas
eu tenho os nervos de nylon
cordões esticados na sala
a língua retesada pra fora
lâmpadas de gas me devoram
faíscas na dor do trovão

o poema vai nascendo outro
explode no ventre/palavras
num temporal de letras
que nunca se compeltam
nesta cidade de morrer na praia

a flor e o espinho

o que já sei da tua língua
não me basta
eu qauero toda boca
o que sei da tua boca
não me prende
eu quero toda língua
o aque me prende em tua coisa
é isso tudo
aquilo que talvez não se entenda
e se entendendo não se explique
está muito pra lá da tua casa
chama no meu cio fogo e brasa
está muito mais lá
o que desejo
na boca mora a língua
quando o beijo
na língua da saliva
é quanto goza
amor é poesia nunca prosa
na flora do teu sexo
eu quero a folha o espinho
a pétala o pólen e a rosa

mesmo não oferecendo a ti
tudo o que desejo e quero
me vem de tua boca
a palavra que espero
roubado o beijo a língua cala
mesmo quandom a fala
girassóis e frutas
e tua coisa absoluta
em minha carne pulsa
e o beija-flor escuta
a canção do bem-te-vi

arturgomes
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couro cru & carne viva

ainda que fosse faca
tatuagem em tuas coxas
não fosse tinto este vinho
fosse o branco dos teus lábios
pedindo: beba-me
então mordesse tua língua até sangrar
reteza-me o corpo
todo sangue do teu cio
espada dentro da noite
lua do teu espelho
o mar fosse teus olhos
lagarto por tuas pernas
um tigre uivando lento
depois da presa alcançasse
não fosse o punhal de prata
partido dentro do quarto
o abajour apagado
a cama desfeita no escuro
eu re-moendo o passado
entre os lençóis dos teus dedos

por mais que diga-me: obrigado
respondo: é de graça não tem preço
a aaboca a língua a carne nervos músculos
linguagem lira delírio sangue sexo
não há dinheiro que pague
pelo mínimo que ofereço

arturgomes
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