segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Alguma Poesia

não. não bastaria a poesia deste bonde
que despenca lua nos meus cílios
num trapézio de pingentes onde a lapa
carregada de pivetes nos seus arcos
ferindo a fria noite como um tapa
vai fazendo amor por entre os trilhos.

não. não bastaria a poesia cristalina
se rasgando o corpo estão muitas meninas
tentando a sorte em cada porta de metrô.
e nós poetas desvendando palavrinhas
vamos dançando uma vertigem
no tal circo voador.

não. não bastaria todo riso pelas praças
nem o amor que os pombos tecem pelos milhos
com os pardais despedaçando nas vidraças
e as mulheres cuidando dos seus filhos.

não bastaria delirar Copacabana
e esta coisa de sal que não me engana
a lua na carne navalhando um charme gay
e uma cheiro de fêmea no ar devorador
aparentando realismo hiper-moderno,
num corpo de anjo que não foi meu deus quem fez
esse gosto de coisa do inferno
como provar do amor no posto seis
numa cósmica e profana poesia
entre as pedras e o mar do Arpoador
mistura de feitiço e fantasia
em altas ondas de mistérios que são vossos

não. não bastaria toda poesia
que eu trago em minha alma um tanto porca,
este postal com uma imagem meio Lorca:
um bondinho aterrizando lá na Urca
e esta cidade deitando água em meus destroços
pois se o cristo redentor deixasse a pedra
na certa nunca mais rezaria padre-nossos
e na certa só faria poesia com os meus ossos.

Artur Gomes
In Couro Cru & Carne Viva
Prêmio Internacional de Poesia - Quebec - Canadá 1987
http://artur-gomes.blogspot.com

pontal.foto.grafia

Aqui,
redes em pânico
pescam esqueletos no mar
esquadras - descobrimento
espinhas de peixe convento
cabrálias esperas
relento
escamas secas no prato
e um cheiro podre no
AR

caranguejos explodem mangues em pólvora
Ovo de Colombo quebrado
areia branca inferno livre
Rimbaud - África virgem
carne na cruz dos escombros
trapos balançam varais
telhados bóiam nas ondas
tijolos afundando náufragos
último suspiro da bomba
na boca incerta da barra
esgoto fétido do mundo
grafando lentes na marra
imagens daqui saqueadas
Jerusalém pagã visitada

Atafona.Pontal.Grussaí
as crianças são testemunhas:
Jesus Cristo não passou por aqui

Miles Davis fisgou na agulha
Oscar no foco de palha
cobra de vidro sangue na fagulha
carne de peixe maracangalha
que mar eu bebo na telha
que a minha língua não tralha?
penúltima dose de pólvora
palmeira subindo a maralha
punhal trincheira na trilha
cortando o pano a navalha
fatal daqui Pernambuco

Atafona.Pontal.Grussaí
as crianças são testemunhas:
Mallarmè passou por aqui.

bebo teu fato em fogo
punhal na ova do bar
palhoças ao sol fevereiro
aluga-se teu brejo no mar
o preço nem Deus nem sabre
sementes de bagre no porto
a porca no sujo quintal
plástico de lixo nos mangues
que mar eu bebo afinal?

baby é cadelinha

devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob o esterco de vênus
onde me perco mais me encontro menos
de tudo o que não sei
só fere mais quem menos sabe
sabre de mim baioneta estética
cortando os versos do teu descalabro
visto uma vaca triste como a tua cara
estrela cão gatilho morro:

a poesia é o salto de uma vara

disse-me uma vez só quem não me disse
ferve o olho do tigre enquanto plasma
letal a veia no líquido do além
cavalo máquina
meu coração quando engatilho

devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob os demônios de eros
onde minto mais porque não verus
fisto uma festa a mais que tua vera
cadela pão meu filho forro:

a poesia é o auto de uma fera

devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob os panos
quem incesta?
perfume o odor final do melodrama
sobras de mim papel e resma
impressão letal dos meus dedos imprensados
misto uma merda a mais que tua garra
panela estrada grão socorro:

a poesia é o fausto de uma farra

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Estação do Samba

para Marko Andrade

procuro melodia no Estácio
sigo o compasso do ócio no cio
caço o amor pelo laço
nessa cidade um abraço
o meu amor pelo Rio

a noite abro a janela
do outro lado a Portela
azul e branco é meu véu
manto sagrado dos deuses
sambistas que moram no céu

quando amanhece é favela
meu coração passarela
se abre nova estação
seja Portela ou Mangueira
Osvaldo Cruz Madureira
o samba se faz comunhão

Artur Gomes

http://courocrucarneviva.blogspot.com


sonhos de verão

lendo em teu livro/corpo
corpo/livro que me empresta
este poema é o que resta
das mil e umas noites de verão
quando pensei em Teerã
você sonhava comigo
e eu coloquei no teu umbigo
o veneno doce da maçã
e o vermelho sangue da pitanga
foi o que ficou na minha tanga
quando beijou meu sexo de manhã

e o teu sonho me revelava
o consciente do teu in
ultrapassava o sono do teu eu
e mostrava o que quer de mim

assim
como uma praia em fortaleza
marília londrina itajubá
porto inseguro
dentro do sol nosso futuro
velas ao mar algas na areia
este teu corpo me ponteia
como punhal na lua cheia
apalo seco na canção

e eu solto velas ao vento
na travessia espaço e tempo
sendo real ou tanto faz
com a linguagem que invento
para aportar teu porto e cais

arturgomes

http://multicartecultura.blgospot.com/

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Pop Rock Poesia

VMH Estúdio apresenta:
http://www.vmhonline.com/

Pop Rock Poesia
Dia 31 janeiro 2010 – a partir das 16:00h
Parque das Ruínas – Santa Teresa – Rio de Janeiro

www.myspace.com/riverdies


maiores informações: fulinaima@gmail.com

Jura Secreta 92

quero tudo que em teu corpo grita
silêncio onde a palavra é gozo
a lua em tua pele espelha
aquilo que tu’alma aflita
reclama por inda não ter repouso

Artur Gomes
http://poeticasfulinaimicas.blogspot.com/



Fulinaimagem

o que trago embaixo as solas dos sapatos é fato bagana acesa sobra do cigarro é sarro dentro do carro ainda ouço Jimmi Hendrix quando quero dancei bolero sampleAndo rock and roll pra colher lírios há que se por o pé na lama a seda pura é foto síntese do papel tem flor de lótus nos bordéis Copacabana procuro um mix da guitarra de Santanna com os espinhos da Rosa de Noel

Artur Gomes http://goytacity.blogspot.com/

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Enigma Tropical

enigma tropicala luz do sol mergulha a espinha central nas costas do equadro ela clara caminha em minha frente na calçada cabelos longos até o cóxix nu percebe-me a seu encalço vira o rosto não consigo ver teus olhos está de óculos escuros e não consigo tirar os meus daquela visão que é bela cintra ia dobrar na esquina próxima e resolvi seguir e continuar me deliciando com o movimento das pêras em minha frente sobressaltada pegou um ônibus deixando-me seguir em meus delírios e paixão por frutas que não são

Artur Gomes
http://braziliricas.blogspot.com/

silêncio gritos& sussurros

o seu corpo do poema
pede-me silêncio
ou algazarra?

farra
de bocas pernas coxas
línguas e dedos
nos recantos mais profundos
por onde dorme o teu desejo?

carícias delicadas
pela nuca em torno da orelha
lábios deslizandoa
o redor do teu umbigo?


o que o seu corpo do poema
quer viver comigo?

o seu corpo do poema
no deserto das delícias
é escorpião ou percevejo?

é calmaria ou tempestade
no alto mar da liberdade
pede-me noite ou claridade
oui

mplora-me desesperadamente
os mais selvagens beijos?

arturgomes
sampleAndo
http://artur-gomes.blogspot.com
No twitter
http://twitter.com/fulinaima
No my space
http://www.myspace.com/317911079
cine.vídeo.poesia
http://youtube.com/fulinaima
juras secretas
http://poeticasfulinaimicas.blogspot.com/

VeraCidade 2

quando piso na paulista
o poema é só um corpo
que se chama carolina
e por mais que se defina
a esfinge sob a roupa
o delírio é só metáfora
e mesmo fosse concreto
sendo menos abstrato
esse corpo é uma seta
apontada em direção

flecha de fogo
ou neon
como placas luminosas
nos meus olhos de dragão

e a lâmina acesa de vênus
na camisa aberta de marte
a palavra vinda dos poros
brota do corpo em que piso
na casa das rosas em que passo
subindo a calçada levito
já estou na estação paraíso
e na geografia do corpo gravito
quando piso na paulista me sinto
o amante do silêncio e do grito

artur gomes
SampleAndo
http://artur-gomes.blogspot.com
rede social ning
http://arturgomes.ning.com/profile/21q2yyyzubzh4

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Ibirapitanga

taubaté tremembé
tamanduateí
tabatinga taguatinga
tracunhenhem
tucuruví
toda palavra nua me tesa
como o t da tua tigresa
matisse que nunca vi


artur Gomes
http://tropicanalice.blogspot.com

a flor que alice traz na boca
não tem hóstia nem baton
é flor de lírios do cerrado
de um tom quase encarnado
meio carmim meio marron
cor dos olhos de alguém
que nunca vi numa janela
só ali pele e tecido
dentre a roupa sob pêlos
de um furor em carne viva
onde o sangue corre solto
e a pele ouro ao sol
risco de luz ao meio dia
cheirando sexo todos poros
e um estranha solidão
o teu nome
quase sempre em minha boca
como um beijo nunca findo
e o teu ser me permitindo
que entre pétalas e pedras
sangrasse o hímen da paixão

IBIRAPITANGA

hoje vi na rua a palavra
ibirapitanga que eu não conhecia
e mesmo não a conhecendo
já sabia que existia

assim como: ibirapitinga
ibiratininga
annhangabaú anhanguera
araraquara jabaquara
Ibirapuera

leia aqui:
http://goytacacity.blogspot.com

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Ibirapitanga



hoje vi na rua a palavra
ibirapitanga
que eu não conhecia
e mesmo não a conhecendo
já sabia que existia

como ibiratininga
ibirapitininga
ipiranga
pacaembu
ibirapuera
anhangabaú

anhangüera
araraquara

jabaquara
itaquera

não sei se é tupy
não sei se guarani
guarani tupy
tupy guarani
cangaíba
cambaíba
tupinambá
guriri
puri
guaicurus
guarulhos
guaianases
goytacá

palavra mansa
ou besta fera
piracicaba
pirapitanga
pirapora
abatimirim
amendoim
araçá
araçatuba
aymorés
guaporé
ibiraçu
araguaia araguari
arara
araruama
avaré
barueri
boitatá
butantã
ou boissucanga

assim como tamoio
tapajós
carijós
taubaté
tupiniquim
tremembé
votuporanga

embu guaçu
grumari
guaçutinga
guaiapá
guaiaruna
guapimirim
guará
guarabira
guaraci
guaraciaba
guarapiranga
guararema
guaratinga
guaratinguetá
guaraná
guarapari
guauarujá


ibiraci
ibirapiroca
ibirataíba
ibiratinga
ibiri
ibitiba
ibitinga
ibituruna
imbé
imburi
ingá
inhambu
ipanema
ipatinga
ibiporanga
ibitioca

iriri
itaberaba
itabira
itaboraí
itacolomi
itacolomi
itacuã
itajaí
itanhaém
itapecerica
itapema
itapevi
itapoá – itapuã
itaquaquecetuba
itabapuana
itereré
itu
ituberaba
ituverava

japira
jabuti
jabuticaba
jacareí
jaci
jacira
jaçanã
jacutinga
japi
jararaca
jatobá
juá
juciara
jundiaí
jupiá
jupira
jequié
juquiá
juréia
jurema
jurupi
jussara

mandioca
macunaíma
sagaranagem fulinaíma
maniçoba
mairiporã
manga
mangaba
maracanã
marajó marajoara
moema
mogi
monguaguá
muiraquitã
muriaé
itaocara
maniçoba

paçoca
paquetá
paraguassu
paraitinga
paraná
paranapanema
paranapiacaba
parati
parnaíba
peruíbe
pindaíba
pindamonhangaba
piracaá
piracajara
piracanjuba
piracatinga
piranga
pirassununga
pitinga
piriri
piririca
pirigua
Purus
peri
pracará
quipari
roraima

saci
sapucaia
saracura
saracutinga
siri
sorocaba
sucuri
surubim
surucucu
suruí-aiqueuara

tabatinga
taguatinga
tapera
tararaca
tarumã
tatuí
tocantins
tucunaré

ubatuba
ubirajara
urubu
urutu
ururaí
utinga
xavante
xingu
aymorés
tumiaru
tibiriçá

aracatu
aracati
araquari
araçá araci

bertioga
bariri
bicuibaçu
biguá
birigui
biriba
boiçununga
boiutuçu
surucucu
cacomanga

caingangue
caipira
sucupira
caipora
capixaba
cambuci
cairu
caraguatatuba
carajás
carapicuíba
caratinga
carangola

congonhas
carioca
cubatão
copacabana
cumbica
curitiba
cururu
caatinga

caicanga
caipó
ou mar de angra
cariri caicó
caramuru
cajurus e
cataguases

eu sei que sou das minas
como sou dos goytacazes.

artur gomes
nação goytacá
http://carnavalhagumes.blogspot.com/

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O Poeta e sua Bela Musa Atriz











Artur Gomes & Mayara Pasquetti


Beatriz e o Poeta


Artur Gomes & Mayara Pasquetti Jura Não Secreta


Artur Gomes & Mayara Pasquetti Fulinaimagem


Cena do Primeiro Encontro


O que é que mora em tua boca bia

terça-feira, 29 de setembro de 2009



XVII Congresso Brasileiro de Poesia

Bento Gonçalves – Rio Grande do Sul
5 a 10 outubro 2009
As Flores do Mal Me Quer
De Paulo Leminski a Charles Baudelaire






Jura Secreta 41

te amo e amor não tem nome
pele ou sobrenome
não adianta chamar
porque ele não vem quando se quer
tem seus próprios códigos e segredos
mas não tenha medo
pode sangrar pode doer
e ferir fundo
mas é razão de estar no mundo
nem que seja por segundo
por um beijo mesmo breve
porque te amo no sol
no sal no mar na neve

Artur Gomes
Nação Goytacá
http://goytacity.blogspot.com/

quarta-feira, 23 de setembro de 2009




Marçal Tupã

meu coração marçal tupã
sangra tupy & rock and roll
meu sangue tupiniquim
em corpo tupinambá
samba jongo maculelê
maracatu boi bumbá
a veia de curumim
é coca cola & guaraná

Fulinaimagem

o que trago embaixo as solas
dos sapatos é fato
bagana acesa sobra do cigarro é sarro
dentro do carro
ainda ouço jimmi hendrix quando quero
dancei bolero sampleando rock and roll
prá colher lírios há que se por o pé na lama
a seda pura fotosíntese do papel
tem flor de lótus nos bordéis copacabana
procuro um mix da guitarra de santana
coms os espinhos da Rosa de Noel

pontal.foto.grafia

Aqui,
redes em pânico
pescam esqueletos no mar
esquadras - descobrimento
espinhas de peixe convento
cabrálias esperas relento
escamas secas no prato
e um cheiro podre no AR

caranguejos explodem
mangues em pólvora
Ovo de Colombo quebrado
areia branca inferno livre
Rimbaud - África virgem -
carne na cruz dos escombros
trapos balançam varais
telhados bóiam nas ondas
tijolos afundando náufragos
último suspiro da bomba
na boca incerta da barra
esgoto fétido do mundo
grafando lentes na marra
imagens daqui saqueadas
Jerusalém pagã visitada
Atafona.Pontal.Grussaí
as crianças são testemunhas:
Jesus Cristo não passou por aqui

Miles Davis fisgou na agulha
Oscar no foco de palha
cobra de vidro sangue na fagulha
carne de peixe maracangalha
que mar eu bebo na telha
que a minha língua não tralha?
penúltima dose de pólvora
palmeira subindo a maralha
punhal trincheira na trilha
cortando o pano a navalha
fatal daqui Pernambuco
Atafona.Pontal.Grussaí
as crianças são testemunhas:
Mallarmè passou por aqui

bebo teu fato em fogo
punhal na ova do bar
palhoças ao sol fevereiro
aluga-se teu brejo no mar
o preço nem Deus nem sabre
sementes de bagre no porto
a porca no sujo quintal
plástico de lixo nos mangues
que mar eu bebo afinal
?

baby é cadelinha

devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob o esterco de Vênus
onde me perco mais
me encontro menos
de tudo o que não sei
só sabe mais quem menos sabe
sabre de mim baioneta estética
cortando os versos do teu descalabro
visto uma vaca triste
como a tua cara
estrela cão gatilho morro:
a poesia é o salto de um vara

disse-me uma vez só quem não me disse
ferve o olho do tigre enquanto plasma
letal a veia no líquido do além
cavalo máquina
meu coração quando engatilho

devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob os demônios de Eros
onde minto mais
porque não veros
fisto uma festa mais que tua Vera:
cadela pão meu filho forro:
a poesia é o auto de uma fera

devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob os panos
quem incesta?
perfume o odor final do melodrama
sobras de mim papel e resma
impressão letal
dos meus dedos imprensados
misto uma merda amais que tua garra:
panela estrada grão socorro:
a poesia é o fausto de uma farra

jazz free som balaio

ouvidos negros Miles trumpete nos tímpanos
era uma criança forte como uma bola de gudee
ra uma criança mole como uma gosma de grude
tanto faz quem tanto não me feze
ra uma ant/versão de blues
nalguma nigth noite uma só vez

ouvidos brack rumo premeditando o breque
Sampa midinigth ou aversão de Brooklin
não pense aliterações em doses múltiplas
pense sinfonia em rimas raras
assim quando despertas do massificado
ouvidos vais ficando dançarina cara
ao ter-te arte nobre minha musa Odara

ao toque dos tambores ecos sub/urbanos
elétricos negróides urbanóides gente
galáxias re/lances luzes sumos pratos
delícias de iguarias que algum deus consente
aos gênios dos infernos que ardem arte
misturas de comboios das tribos mais distantes
de múltiplas metades juntas numa parte

Tropicalirismo

girassóis pousando
Nu teu corpo
festa
beija-flor seresta
poesia fosse
esse sol que emana
do teu foro farto
lambuzando a uva
de saliva doce

Jura secreta 13

o tecido do amor já esgarçamos
em quantos outubros nos gozamos
agora que palavro itaocaras
e persigo outras ilhas
na carne crua do teu corpo
amanheço alfabeto grafitemas

quantas marés endoidecemos
e aramaico permaneço doido e lírico
em tudo mais que me negasse
flor de lótus flor de cactos flor de lírios
ou mesmo sexo sendo flor ou faca fosse
Hilda Hilst quando então se me amasse

ardendo em nós salgado mar
e Olga risse
olhando em nós
flechas de fogo se existisse
por onde quer que eu te cantasse
ou amavisse



Jura secreta 85

por tudo quanto valha
uma palavra grito
fala ou carnavalha
estando em tuas mãos
boca
garganta quando desce
saiba que amor
não é santo
as vezes corta
sangra
mar de búzios
também angra
algumas facas
tem dois gumes
o sol as brilha lá fora
mas o que importa mesmo
está dentro
pode ser pimenta
ou coentro
nuvens vícios
fumaças de um cigarro aceso
os olhos
muitas vezes presos
ao mar
do teu amargo agora
o baton que ficou na língua
a ilusão que se rasgou na festa
o prato que quebrou na mesa
estes milhões de incertezas
que a gente nunca joga fora