terça-feira, 29 de setembro de 2009



XVII Congresso Brasileiro de Poesia

Bento Gonçalves – Rio Grande do Sul
5 a 10 outubro 2009
As Flores do Mal Me Quer
De Paulo Leminski a Charles Baudelaire






Jura Secreta 41

te amo e amor não tem nome
pele ou sobrenome
não adianta chamar
porque ele não vem quando se quer
tem seus próprios códigos e segredos
mas não tenha medo
pode sangrar pode doer
e ferir fundo
mas é razão de estar no mundo
nem que seja por segundo
por um beijo mesmo breve
porque te amo no sol
no sal no mar na neve

Artur Gomes
Nação Goytacá
http://goytacity.blogspot.com/

quarta-feira, 23 de setembro de 2009




Marçal Tupã

meu coração marçal tupã
sangra tupy & rock and roll
meu sangue tupiniquim
em corpo tupinambá
samba jongo maculelê
maracatu boi bumbá
a veia de curumim
é coca cola & guaraná

Fulinaimagem

o que trago embaixo as solas
dos sapatos é fato
bagana acesa sobra do cigarro é sarro
dentro do carro
ainda ouço jimmi hendrix quando quero
dancei bolero sampleando rock and roll
prá colher lírios há que se por o pé na lama
a seda pura fotosíntese do papel
tem flor de lótus nos bordéis copacabana
procuro um mix da guitarra de santana
coms os espinhos da Rosa de Noel

pontal.foto.grafia

Aqui,
redes em pânico
pescam esqueletos no mar
esquadras - descobrimento
espinhas de peixe convento
cabrálias esperas relento
escamas secas no prato
e um cheiro podre no AR

caranguejos explodem
mangues em pólvora
Ovo de Colombo quebrado
areia branca inferno livre
Rimbaud - África virgem -
carne na cruz dos escombros
trapos balançam varais
telhados bóiam nas ondas
tijolos afundando náufragos
último suspiro da bomba
na boca incerta da barra
esgoto fétido do mundo
grafando lentes na marra
imagens daqui saqueadas
Jerusalém pagã visitada
Atafona.Pontal.Grussaí
as crianças são testemunhas:
Jesus Cristo não passou por aqui

Miles Davis fisgou na agulha
Oscar no foco de palha
cobra de vidro sangue na fagulha
carne de peixe maracangalha
que mar eu bebo na telha
que a minha língua não tralha?
penúltima dose de pólvora
palmeira subindo a maralha
punhal trincheira na trilha
cortando o pano a navalha
fatal daqui Pernambuco
Atafona.Pontal.Grussaí
as crianças são testemunhas:
Mallarmè passou por aqui

bebo teu fato em fogo
punhal na ova do bar
palhoças ao sol fevereiro
aluga-se teu brejo no mar
o preço nem Deus nem sabre
sementes de bagre no porto
a porca no sujo quintal
plástico de lixo nos mangues
que mar eu bebo afinal
?

baby é cadelinha

devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob o esterco de Vênus
onde me perco mais
me encontro menos
de tudo o que não sei
só sabe mais quem menos sabe
sabre de mim baioneta estética
cortando os versos do teu descalabro
visto uma vaca triste
como a tua cara
estrela cão gatilho morro:
a poesia é o salto de um vara

disse-me uma vez só quem não me disse
ferve o olho do tigre enquanto plasma
letal a veia no líquido do além
cavalo máquina
meu coração quando engatilho

devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob os demônios de Eros
onde minto mais
porque não veros
fisto uma festa mais que tua Vera:
cadela pão meu filho forro:
a poesia é o auto de uma fera

devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob os panos
quem incesta?
perfume o odor final do melodrama
sobras de mim papel e resma
impressão letal
dos meus dedos imprensados
misto uma merda amais que tua garra:
panela estrada grão socorro:
a poesia é o fausto de uma farra

jazz free som balaio

ouvidos negros Miles trumpete nos tímpanos
era uma criança forte como uma bola de gudee
ra uma criança mole como uma gosma de grude
tanto faz quem tanto não me feze
ra uma ant/versão de blues
nalguma nigth noite uma só vez

ouvidos brack rumo premeditando o breque
Sampa midinigth ou aversão de Brooklin
não pense aliterações em doses múltiplas
pense sinfonia em rimas raras
assim quando despertas do massificado
ouvidos vais ficando dançarina cara
ao ter-te arte nobre minha musa Odara

ao toque dos tambores ecos sub/urbanos
elétricos negróides urbanóides gente
galáxias re/lances luzes sumos pratos
delícias de iguarias que algum deus consente
aos gênios dos infernos que ardem arte
misturas de comboios das tribos mais distantes
de múltiplas metades juntas numa parte

Tropicalirismo

girassóis pousando
Nu teu corpo
festa
beija-flor seresta
poesia fosse
esse sol que emana
do teu foro farto
lambuzando a uva
de saliva doce

Jura secreta 13

o tecido do amor já esgarçamos
em quantos outubros nos gozamos
agora que palavro itaocaras
e persigo outras ilhas
na carne crua do teu corpo
amanheço alfabeto grafitemas

quantas marés endoidecemos
e aramaico permaneço doido e lírico
em tudo mais que me negasse
flor de lótus flor de cactos flor de lírios
ou mesmo sexo sendo flor ou faca fosse
Hilda Hilst quando então se me amasse

ardendo em nós salgado mar
e Olga risse
olhando em nós
flechas de fogo se existisse
por onde quer que eu te cantasse
ou amavisse



Jura secreta 85

por tudo quanto valha
uma palavra grito
fala ou carnavalha
estando em tuas mãos
boca
garganta quando desce
saiba que amor
não é santo
as vezes corta
sangra
mar de búzios
também angra
algumas facas
tem dois gumes
o sol as brilha lá fora
mas o que importa mesmo
está dentro
pode ser pimenta
ou coentro
nuvens vícios
fumaças de um cigarro aceso
os olhos
muitas vezes presos
ao mar
do teu amargo agora
o baton que ficou na língua
a ilusão que se rasgou na festa
o prato que quebrou na mesa
estes milhões de incertezas
que a gente nunca joga fora