Desde a primeira vez que pisaram juntos o palco, em 2006 para homenagear Mário Quintana, que Artur Gomes e May Pasqueti vem afinando a química que os envolve num diálogo refinado que vai do delírio do lírico ao delicado do Erótico. Eles já foram atração na Fenavinho, em 2007, com Celebração do amor em Estado de Vinho e Uva, e no Congresso Brasileiro de Poesia em Bento Gonçalves.
Em Bento Gonçalves voltaram a estar juntos em, 2009 e 2010, bem como no Parque das Ruínas em Santa Teresa – Rio de Janeiro no evento Pop Rock Poesia, onde foi filmado o vídeo abaixo. Este ano com um repertório que vai da poesia de Artur Gomes a Sérgio Sampaio, passando por Torquato Neto, Paulo Leminski, Adélia Prado e Affonso Romano de Sant´anna eles apresentam o espetáculo poético O Delírio é A Lira do Poeta se o Poeta Não Delira sua Lira não Profeta.
Delírio 1
de Dante a Chico Buarque
todos os poetas
já cantaram suas musas
Beatriz são muitas
Beatriz são quantas
Beatriz são todas
Beatriz são tantas
algumas delas na certa
também já foram cantadas
por este poeta insano e torto
pra lhes trazer o desconforto
do amor quando bandido
Beatriz são nomes
mas este de quem vos falo
não revelo o sobrenome
está no filme sagrado
na pele do acetato
na memória do retrato
Beatriz no último ato
da Divina Comédia Humana
quando deita em minha cama
e come do fruto proibido
todos os poetas
já cantaram suas musas
Beatriz são muitas
Beatriz são quantas
Beatriz são todas
Beatriz são tantas
algumas delas na certa
também já foram cantadas
por este poeta insano e torto
pra lhes trazer o desconforto
do amor quando bandido
Beatriz são nomes
mas este de quem vos falo
não revelo o sobrenome
está no filme sagrado
na pele do acetato
na memória do retrato
Beatriz no último ato
da Divina Comédia Humana
quando deita em minha cama
e come do fruto proibido
Delírio 2
te procurei na Ipiranga
não te encontrei na Tiradentes
nas tuas tralhas tuas trilhas
nos trilhos tortos do Braz
fotografei os destroços
na íris do satanás
a cara triste da Mooca
a vaca morta no trem
beleza no caos: urbana
beleza é isso também
meu bem ainda mora distante
deste bordel carnavalho
a droga a erva o bagulho
Tietê um tonto espantalho
não te encontrei na Tiradentes
nas tuas tralhas tuas trilhas
nos trilhos tortos do Braz
fotografei os destroços
na íris do satanás
a cara triste da Mooca
a vaca morta no trem
beleza no caos: urbana
beleza é isso também
meu bem ainda mora distante
deste bordel carnavalho
a droga a erva o bagulho
Tietê um tonto espantalho
Delírio 3
nossas palavras escorrem
pelo escorrer dos anos
estradas virtuais fossem algaravias
nosso desejo que não se concreta
e
eu tenho a fome entre os dedos
a sede entre os dentes
e a língua sobre a escrita
que ainda não fizemos
e o que brota desse amor latente
se o desejo é tua boca
no lençol dos dias?
pelo escorrer dos anos
estradas virtuais fossem algaravias
nosso desejo que não se concreta
e
eu tenho a fome entre os dedos
a sede entre os dentes
e a língua sobre a escrita
que ainda não fizemos
e o que brota desse amor latente
se o desejo é tua boca
no lençol dos dias?
Delírio 4
não sou iluminista nem pretender
eu quero o cravo e a rosa
cumer o verso e a prosa
devorar a lírica a métrica
a carne da musa
seja branca negra amarela
vermelha verde ou cafuza
eu sou do mato
curupira carrapato
sou da febre sou dos ossos
sou da Lira do Delírio
São Virgílio é o meu sócio
Pernambuco Amaralina
vida breve ou sempre vida/severina
sendo mulher ou só menina
que sendo santa prostituta
ou cafetina devorar é minha sina
e profanar é o meu negócio
eu quero o cravo e a rosa
cumer o verso e a prosa
devorar a lírica a métrica
a carne da musa
seja branca negra amarela
vermelha verde ou cafuza
eu sou do mato
curupira carrapato
sou da febre sou dos ossos
sou da Lira do Delírio
São Virgílio é o meu sócio
Pernambuco Amaralina
vida breve ou sempre vida/severina
sendo mulher ou só menina
que sendo santa prostituta
ou cafetina devorar é minha sina
e profanar é o meu negócio
Delírio 5
- essa estrada que vai dar
no mar dos teus mistérios
ou
essa estrada que vai dar
no mar dos teus silêncios
ou
apenas o caminho para o mar
na coluna vertebral
dos teus suplícios
ou
o poema puro ofício
de te oferecer amor, meu vício
e te querer estrada. sim
no mar dos teus mistérios
ou
essa estrada que vai dar
no mar dos teus silêncios
ou
apenas o caminho para o mar
na coluna vertebral
dos teus suplícios
ou
o poema puro ofício
de te oferecer amor, meu vício
e te querer estrada. sim
Federico Budelaire – viagens insanas
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