agora não se fala nada
agora não se fala mais
toda palavra guarda uma cilada
e tudo é transparente em cada forma
você não precisa me dizer
o número do mundo desse mundo
nem precisa me mostrar a outra face
face ao fim de tudo
só precisa me dizer
o nome da república dos fundos
o sim do fim
e o tem do tempo vindo
Dia D
Dede que eu saí de casa
trouxe a viagem de volta
cravada na minha mão
interrada no meu umbigo
dentro fora assim comigo
minha própria condução
todo dia é dia dela
pode ser pode não ser
abro a porta ou a janela
todo dia é dia D
há urubus nos telhados
a carne seca é servida
um escorpião encravado
na sua própria ferida
não escapa
só escapo pela porta de saída
todo dia mais um dia
de amar-te a morte morrer
todo do mais um dia
menos dia dia D
torquato neto
Quartas Culturais - Cantinho do Poeta
Rua Cardoso de Melo, 42
Campos dos Goytacazes-RJ
Leia mais aqui http://artur-gomes.blogspot.com
Porrada llírica
Dia 15 dezembro 2010 – 21:00hs
Mas Sarau o Benedito
Uma homenagem a Elis Regina
Direção: Aucilene Freitas
Fulinaimagem
1
por enquanto
vou te amar assim em segredo
como se o sagrado fosse
o maior dos pecados originais
e a minha língua fosse
só furor dos canibais
e essa lua mansa fosse faca
a afiar os versos que inda não fiz
e as brigas dde amor que nunca quis
mesmo quando o projeto
aponta outra direção embaixo do nariz
e é mais concreto que a argamassa do abstrato
por enquanto
vou te amar assim adimirando o teu retrato
pensando a minha idade
e o que trago da cidade
embaixo as solas dos sapatos
arturgomes
http://goytacity.blogspot.com
Metáfora 1 a fruta dentro da lata a lata dentro da fruta não era nada demais apenas puta poema apenas poema puta a fruta comendo a lata a lata comendo a fruta Artur Gomes www.juras-secretas.blogspot.com
sábado, 11 de dezembro de 2010
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Cantinho do Poeta Quartas Culturais
Pontal
Dia 1 dezembro 21 horas
Encenação teatral com poemas de
Aluysio Abreu Barbosa, Adriana Medeiros,
Antônio Roberto(Kapi) e Artur Gomes.
com Artur Gomes, Yvi Carvalho e Sidney Navarro
Direção: Kapi
Local: Cantinho do Poeta
Rua Cardoso de Melo, 42 – Campos dos Goytacazes-RJ
a flor da pele – pontal foto grafia
tucanos querem você fora da internet
leia aqui
texto contundente de Laerte Braga
sobre segurança pública no Rio
leia aqui:
Pontal Foto.Grafia
Aqui,
redes em pânico
pescam esqueletos no mar
esquadras – descobrimento
espinhas de peixe convento
cabrálias esperas relento
escamas secas no prato
e um cheiro podre no
AR
caranguejos explodem mangues em pólvora
Ovo de Colombo quebrado
areia branca inferno livre
Rimbaud - África virgem –
carne na cruz dos escombros
trapos balançam varais
telhados bóiam nas ondas
tijolos afundando náufragos
último suspiro da bomba
na boca incerta da barra
esgoto fétido do mundo
grafando lentes na marra
imagens daqui saqueadas
Jerusalém pagã visitada
Atafona.Pontal.Grussaí
as crianças são testemunhas:
Jesus Cristo não passou por aqui
Miles Davis fisgou na agulha
Oscar no foco de palha
cobra de vidro sangue na fagulha
carne de peixe maracangalha
que mar eu bebo na telha
que a minha língua não tralha?
penúltima dose de pólvora
palmeira subindo a maralha
punhal trincheira na trilha
cortando o pano a navalha
fatal daqui Pernambuco
Atafona.Pontal.Grussaí
as crianças são testemunhas:
Mallarmè passou por aqui
bebo teu fato em fogo
punhal na ova do bar
palhoças ao sol fevereiro
aluga-se teu brejo no mar
o preço nem Deus nem sabre
sementes de bagre no porto
a porca no sujo quintal
plástico de lixo nos mangues
que mar eu bebo afinal?
arturgomes
leia mais aqui http://palavras-diversas.blogspot.com
Dia 1 dezembro 21 horas
Encenação teatral com poemas de
Aluysio Abreu Barbosa, Adriana Medeiros,
Antônio Roberto(Kapi) e Artur Gomes.
com Artur Gomes, Yvi Carvalho e Sidney Navarro
Direção: Kapi
Local: Cantinho do Poeta
Rua Cardoso de Melo, 42 – Campos dos Goytacazes-RJ
a flor da pele – pontal foto grafia
tucanos querem você fora da internet
leia aqui
texto contundente de Laerte Braga
sobre segurança pública no Rio
leia aqui:
Pontal Foto.Grafia
Aqui,
redes em pânico
pescam esqueletos no mar
esquadras – descobrimento
espinhas de peixe convento
cabrálias esperas relento
escamas secas no prato
e um cheiro podre no
AR
caranguejos explodem mangues em pólvora
Ovo de Colombo quebrado
areia branca inferno livre
Rimbaud - África virgem –
carne na cruz dos escombros
trapos balançam varais
telhados bóiam nas ondas
tijolos afundando náufragos
último suspiro da bomba
na boca incerta da barra
esgoto fétido do mundo
grafando lentes na marra
imagens daqui saqueadas
Jerusalém pagã visitada
Atafona.Pontal.Grussaí
as crianças são testemunhas:
Jesus Cristo não passou por aqui
Miles Davis fisgou na agulha
Oscar no foco de palha
cobra de vidro sangue na fagulha
carne de peixe maracangalha
que mar eu bebo na telha
que a minha língua não tralha?
penúltima dose de pólvora
palmeira subindo a maralha
punhal trincheira na trilha
cortando o pano a navalha
fatal daqui Pernambuco
Atafona.Pontal.Grussaí
as crianças são testemunhas:
Mallarmè passou por aqui
bebo teu fato em fogo
punhal na ova do bar
palhoças ao sol fevereiro
aluga-se teu brejo no mar
o preço nem Deus nem sabre
sementes de bagre no porto
a porca no sujo quintal
plástico de lixo nos mangues
que mar eu bebo afinal?
arturgomes
leia mais aqui http://palavras-diversas.blogspot.com
terça-feira, 2 de novembro de 2010
onde estará você agora
beatrizbajo - musadaminhacannon
Jura secreta 122
esse poema não secreto
muito menos sagrado
mesmo se jura fosse
entre a face de fogo
e os teus olhos beatriz
por onde leio teu livro
no sangue da tua face
a flor na pele de seda
em fragmentos de Dante
as letras sobre o papel
e teus poemas transbordam
rios entrando meus poros
por toda língua delírios
extravasa irrompe penetra
esse poema não secreto
feito em teus olhos beatriz
tensão dos músculos
cravados sobre a palavra
onde pulsa, a cada lavra
a tua coisa mais plena
e esta jura serena
como uma missa profana
e os cabelos da noite cigana
o canto do amor entre a boca
e o mar que em teus seios agita
a febre que queima em meus dedos
e na boca o teu nome palpita
esse poema não secreto
muito menos sagrado
mesmo se jura fosse
entre a face de fogo
e os teus olhos beatriz
por onde leio teu livro
no sangue da tua face
a flor na pele de seda
em fragmentos de Dante
as letras sobre o papel
e teus poemas transbordam
rios entrando meus poros
por toda língua delírios
extravasa irrompe penetra
esse poema não secreto
feito em teus olhos beatriz
tensão dos músculos
cravados sobre a palavra
onde pulsa, a cada lavra
a tua coisa mais plena
e esta jura serena
como uma missa profana
e os cabelos da noite cigana
o canto do amor entre a boca
e o mar que em teus seios agita
a febre que queima em meus dedos
e na boca o teu nome palpita
tropicalirismo
girassóis pousando
nu teu corpo
festa
beija-flor seresta
poesia fosse
esse sol que emana
do teu fogo farto
lambuzando a uva
de saliva doce
arturgomes
http://artur-gomes.blogspot.com/
girassóis pousando
nu teu corpo
festa
beija-flor seresta
poesia fosse
esse sol que emana
do teu fogo farto
lambuzando a uva
de saliva doce
arturgomes
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domingo, 31 de outubro de 2010
o que a grande mídia não diz
pintura: alcinéia marcucci
leia aqui: http://goytacity.blogspot.com/
As flores do bem-me-quer
gaivotas perseguem peixes
quando estão com fome
a musa da minha janela
depois da prova de física
desfolha Charles Baudelaire
tem um jardim imaginário
no quintal desta metáfora
e um mar de algaravias
dentro dos olhos dela
percebo a flor da infância
bem-me-quer em teu cabelos
peixes que não são nuvens
girassóis fosse miragens
na veia algas marítimas
e uma fração logarítima
ainda por resolver
arturgomes
http://pelegrafia.blogspot.com/
leia aqui: http://goytacity.blogspot.com/
As flores do bem-me-quer
gaivotas perseguem peixes
quando estão com fome
a musa da minha janela
depois da prova de física
desfolha Charles Baudelaire
tem um jardim imaginário
no quintal desta metáfora
e um mar de algaravias
dentro dos olhos dela
percebo a flor da infância
bem-me-quer em teu cabelos
peixes que não são nuvens
girassóis fosse miragens
na veia algas marítimas
e uma fração logarítima
ainda por resolver
arturgomes
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Palavras Diversas
a palavra múltipla plural e solta
pelos céus da boca
sarcástica cínica amorosa
de drummond a guimarães rosa
de ferreira gullar a torquato neto
a pala/lavra do leminski
como um arquiteto
que constrói a própria casa
com o furor do fogo em brasa
com cimento tijolo argamassa
e que a massa compreenda
que a massa que transforma o pão
é a mesma que alimenta a massa
que o homem arquiteta
e a praça é o lugar pro seu delírio
a lira que mora dentro do poeta
jura secreta 121
ela me mantém
à distância dos meus braços
que mesmo esticados
não conseguem alcançá-la
no quarto do hotel eu tenho a fala
e digo
desejo o espaço do teu ventre
para proclamar os meus instintos
não minto
eu sinto
muito
que pena
se ainda não conseque
provar dos meus pecados
e se esconde entre hóstia e promessas
eu tenho pressa
quero engravidar-te de saliva
na língua
que escorre pelos anos
abrindo fenda em tuas costas
arturgomes
http://juras-secretas.blogspot.com/
a palavra múltipla plural e solta
pelos céus da boca
sarcástica cínica amorosa
de drummond a guimarães rosa
de ferreira gullar a torquato neto
a pala/lavra do leminski
como um arquiteto
que constrói a própria casa
com o furor do fogo em brasa
com cimento tijolo argamassa
e que a massa compreenda
que a massa que transforma o pão
é a mesma que alimenta a massa
que o homem arquiteta
e a praça é o lugar pro seu delírio
a lira que mora dentro do poeta
jura secreta 121
ela me mantém
à distância dos meus braços
que mesmo esticados
não conseguem alcançá-la
no quarto do hotel eu tenho a fala
e digo
desejo o espaço do teu ventre
para proclamar os meus instintos
não minto
eu sinto
muito
que pena
se ainda não conseque
provar dos meus pecados
e se esconde entre hóstia e promessas
eu tenho pressa
quero engravidar-te de saliva
na língua
que escorre pelos anos
abrindo fenda em tuas costas
arturgomes
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terça-feira, 19 de outubro de 2010
XVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA HOMENAGEIA FERREIRA GULLAR
Pela primeira vez nos últimos quinze anos o Congresso Brasileiro de Poesia não é realizado na primeira semana de outubro e sim, no final do mês. A edição deste ano acontece de 25 a 29, na cidade de Bento Gonçalves e homenageará os 80 anos de Ferreira Gullar.
Como já é tradição, mais uma vez a Capital Brasileira da Uva e do Vinho abrirá suas portas para a caravana de poetas que participarão da décima-oitava edição do Congresso Brasileiro de Poesia, um dos maiores encontros de poetas da América.
Tendo como tema “O viajante da Poesia”, em homenagem ao poeta Ferreira Gullar, aproximadamente cento e cinquenta poetas dos mais diversos estados brasileiros e de alguns países já confirmaram presença e participarão de uma programação diversificada com muitos recitais, performances, rodas de poesia, espetáculo teatral, palestras nas escolas e debates sobre as diversas formas do fazer poético.
A abertura do evento acontece no Salão Nobre da Prefeitura Municipal às 17 horas do dia 25, com performance do grupo carioca “Simplesmente Poesia” e um recital em homenagem ao poeta Oscar Bertholdo, por parte de alunos da Escola Estadual Dona Isabel, além do poeta Artur Gomes interpretando o poema Não Há Vagas, do homenageado Ferreira Gullar.
À noite, no anfiteatro Ivo Da Rold, na Fundação Casa das Artes, acontece mesa redonda sobre a obra do poeta Ferreira Gullar, coordenada por Eduardo Tornaghi, seguida de performance e recital poétco.
A partir da manhã de terça-feira, as atividades acontecerão no auditório do SESC, Biblioteca Municipal, Vai Del Vino e nas escolas do município.
Escolas continuam sendo prioridade do evento
Trinta e duas escolas do município participarão do evento deste ano, recebendo os poetas em suas dependências e doze delas deslocarão alunos para participar de atividades que acontecerão nas dependências do SESC. Os poetas também irão ao Presídio Municipal, APAE, Lar do Ancião, Centro de Atenção Psico-Social e ao Hospital Tacchini.
Entre os principais projetos que tradicionalmente compõem a programação oficial do evento destacam-se: “Poesia na vidraça” (que começa a ser executado já na terça-feira, dia 19, e consiste na utilização das vitrines das lojas do centro da cidade para exposição de poemas de autores brasileiros), “Poesia numa hora dessas?” (quando poetas apresentam recitais em repartições públicas e privadas), “Uma idéia tece a outra” (realizado na Biblioteca Municipal e que consiste no ‘empréstimo’ de um poeta a uma turma de alunos), além das tradicionais rodas de poesia na Via del Vino.
Recitais deverão fazer a diferença
Os organizadores mais uma vez apostam na realização de recitais de diversas correntes poéticas para garantir o sucesso dos eventos. Neste ano, dividirão o palco do SESC e de algumas escolas performances poéticos dos estados do Amapá, Pará, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul além de México, Chile e Uruguai.
No palco do SESC, além do grupo “Poesia Simplesmente” E “Tatamirô”, também apresentarão recitais e performances os seguintes poetas: Renato Gusmão, Marcos Bahrone, Artur Gomes e May Pasquetti,veja o vídeo: Se for poema fogo do desejo – Artur Gomes e May Pasquetti, filmados por Jiddu Saldanha no parque das Ruínas – Santa Teresa – Rio de Janeiro
E mais Dalmo Saraiva, Jiddu Saldanha, Telma da Costa, Edmilson Santini, Tanussi Cardoso e Delayne Brasil, Casa do Poeta de Camaquã, Casa do Poeta Latino-Americano, Confraria Cappaz e Comunidade Poemas à Flor da Pele.
Junto com o XVIII Congresso Brasileiro também serão realizados o XVIII Encontro Latino-Americano de Casas de Poetas, a XV Mostra Internacional de Poesia Visual, neste ano coordenada pelo poeta português Fernando Aguiar, e o XXI Salão Internacional de Artes Plásticas do Proyecto Cultural Sur/Brasil, organizado pela AAPLASG.
O evento é promovido pela Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves, através da Secretaria Municipal de Educação, SESC e é realizado pelo Proyecto Cultural Sur/Brasil. O apoio é da Câmara de Vereadores e Sindilojas.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Com quantas metáforas se faz uma miragem
ainda que fosse viagem
de metrô ou fantasia
e o assunto que eu mais queria
fosse o que não dissesse
e o mar apenas trouxesse
gaivotas sobre os cabelos
vento sol maresia
e o líquido que não bebemos
fosse conhac ou cerveja
mesmo assim a vida seja
entre o que os pêlos lateja
o que a tua boca não fala
o que a tua língua não prova
e a prova das dezessete
te levasse mais cedo
inda assim não tenha medo
a palavra entre meus dedos
é o que ainda não disse
miragem essa coisa nova
agora reivsitada
naquela hora marcada
do encontro que não tivemos
mesmo que não permitas
que eu toque os lençóis da tua cama
ou desfaça este nó dos teus desvelos
mesmo que a astronomia
te leve a romper os astros
na miragem dos teus olhos
e eu nunca saiba exatamente
a cor dos teus cabelos
mesmo que a meta-física
salte da tela do cinema
e as algebras da tua física
te leve de mim embora
quero que este poema
no centro dos teus sentidos
fale nos teus ouvidos
do ser que me encontro agora
arturgomes
http://musadaminhacannon.blogspot.com
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
UJS realiza manifesto contra o PIG no Rio
sábado, 18 de setembro de 2010
boca do inferno
uma caneta pelo amor de deus
uma máquina de escrever
uma câmera por favor
um computador
nem que seja pós/moderno
vamos fazer um filme
vamos criar um fiilho
deixa eu amar a lídia
que a medíocridade
desta idade mídia
não coca cola mais
nem aqui nem no inferno
por mais que te amar seja uma zorra
eu te confesso amor pagão
não tem de ter perdão prá nós
eu quero mais é teu pudor de dama
despetalando em meus lençóis
e se tiver que me matar que seja
e se eu tiver que te matar que morra
em cada beijo que te der amando
só vale o gozo quando for eterno
infernizando os céus
e santificando a boca do inferno
o que é que mora em tua boca bia
um deus um anjo ou muitos dentes claros
como os olhos do diabo
e uma estrela como guia?
o que é que arde em tua boca bia
azeite sal pimenta e alho
carne krua do kralho
um cheiro azedo de cozinha
tua boca é como a minha?
o que é que pulsa em tua boca bia?
mar de eternas ondas
que covardes não navegam
rio de águas sujas
onde os peixes se apagam
ou um fogo cada vez mais Dante
como este em minha boca
de poeta/delirante
nesta noite cada vez mais dia
em que acendo os meus infernos
em tua boca boca bia?
Artur Gomes
http://blogdabocadoinferno.blogspot.com
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
jura secreta in saquarema
meus lábios em teus ouvidos
flechas netuno cupido
a faca na língua a língua na faca
a febre em patas de vaca
as unhas sujas de Lorca
cebola pré sal com pimenta
tempero sabre de fogo
na tua língua com coentro
qualquer paixão re/invento
o corpo/mar quando agita
na preamar arrebenta
espuma esperma semeia
sementes letra por letra
na bruma branca da areia
sem pensar qualquer sentido
grafito em teu corpo despido
poemas na lua cheia
arturgomes
http://musadaminhacannon.blogspot.com/
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
tecidos sobre a terra
antes
que alguém morra
escrevo
prevendo a morte
arriscando a vida
antes
que seja tarde
e
que a língua da minha boca
não cubra mais
tua ferida
amada
de muitos sonhos
e pouco sexo
deposito a minha boca
no teu cio
e uma semente fértil
nos teus seios
como um rio
o que me dói
é ter-te
devorada
por estranhos olhos
e
deter impulsos
por fidelidade
ó terra
incestuosa
de prazer e gestos
não me prendo ao laço
dos teus comandantes
só me enterro
a fundo
nos teus vagabundos
com um prazer de fera
e um punhal
de amante
artur gomes
in Suor & Cio – 1985
http://artur-gomes.blogspot.com
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Riverdies
21 de agosto – Garage – Praça da Bandeira - Rio
Fulinaimagem
Fulinaimagem
1
por enquanto
vou te amar assim em segredo
como se o sagrado fosse
o maior dos pecados originais
e a minha língua fosse
só furor dos canibais
e essa lua mansa fosse faca
a afiar os versos que inda não fiz
e as brigas dde amor que nunca quis
mesmo quando o projeto
aponta outra direção embaixo do nariz
e é mais concreto que a argamassa do abstrato
por enquanto
vou te amar assim adirando o teu retrato
pensando a minha idade
e o que trago da cidade
embaixo as solas dos sapatos
onde teus pés bailarina dançam cato os vestígios do tempo onde teus olhos bailarina olham um gato passeia no teu colo e na vidraça o giz derrama poesia escritas com punhos de ontem em tua cidade de serras onde teus braços bailarina sustentam tuas mãos que colhem uvas coloco águas de chuva para que teus vinhedos não cessem estejam sempre em meus caminhos e deles brotem da flor o fruto sagrado e os teus segredos guardados entre os teus lábios de vinho
2
o que trago embaixo as solas dos sapatos
é fato. bagana acesa sobra do cigarro
é sarro. dentro do carro
ainda ouço Jimmi Hendrix quando quero
dancei bolero sampleando rock and roll
pra colher lírios
há que se por o pé na lama
a seda pura foto-síntese do papel
tem flor de lótus
nos bordéis Copacabana
procuro um mix da guitarra de Santanna
com os espinhos da Rosa de Noel.
arturgomes
http://artur-gomes.blogspot.com
Fulinaimagem
Fulinaimagem
1
por enquanto
vou te amar assim em segredo
como se o sagrado fosse
o maior dos pecados originais
e a minha língua fosse
só furor dos canibais
e essa lua mansa fosse faca
a afiar os versos que inda não fiz
e as brigas dde amor que nunca quis
mesmo quando o projeto
aponta outra direção embaixo do nariz
e é mais concreto que a argamassa do abstrato
por enquanto
vou te amar assim adirando o teu retrato
pensando a minha idade
e o que trago da cidade
embaixo as solas dos sapatos
onde teus pés bailarina dançam cato os vestígios do tempo onde teus olhos bailarina olham um gato passeia no teu colo e na vidraça o giz derrama poesia escritas com punhos de ontem em tua cidade de serras onde teus braços bailarina sustentam tuas mãos que colhem uvas coloco águas de chuva para que teus vinhedos não cessem estejam sempre em meus caminhos e deles brotem da flor o fruto sagrado e os teus segredos guardados entre os teus lábios de vinho
2
o que trago embaixo as solas dos sapatos
é fato. bagana acesa sobra do cigarro
é sarro. dentro do carro
ainda ouço Jimmi Hendrix quando quero
dancei bolero sampleando rock and roll
pra colher lírios
há que se por o pé na lama
a seda pura foto-síntese do papel
tem flor de lótus
nos bordéis Copacabana
procuro um mix da guitarra de Santanna
com os espinhos da Rosa de Noel.
arturgomes
http://artur-gomes.blogspot.com
domingo, 15 de agosto de 2010
jura secreta 112
a faca entre
os teus dentes
na gengiva sangra
trafego em angra
pela ilha grande
e
os teus olhos
ainda estão na praia
arraia fêmea
prenhe pelo macho
re/leio olga
algas me roçando
as coxas
me lambendo acima
do umbigo
embaixo
ArturGomes
canibália city
http://goytacity.blogspot.com/
SampleAndo
http://artur-gomes.blogspot.com/
sexta-feira, 30 de julho de 2010
rock blues poesia
Dia 6 agosto 21:00h – MPBar
Rua Afonso Coelho da Silva, 34 – Flamboyant
Campos dos Goytacazes – RJ
Luizz Ribeiro + Sérgio Máximo +
Clara Brito + Artur Gomes + Lolô
IndGesta
uma caneta pelo amor de deus
uma máquina de escrever
uma câmera por favor
quero um computador
nem que seja pós moderno
vamos fazer um filme
vamos criar um filho
deixa eu amar a lídia
que a mediocridade desta idade mídia
não coca cola mais
nem aqui nem no inferno
arturgomes/luizz ribeiro
canibália city
http://goytacity.blogspot.com/
Mania de Saúde Arte e Cultura
Nosso Jornal é Mensal mas nosso Blog é diário
Nos próximos dias 5, 6, e 7 às 21:00h no Teatro de Bolso, e no dia 8 às 20:00h, Sidney Navarro e Thiago Eugêgio, encontra-se no palco interpretando, respectivamente Helena Beatriz e Maria Eduarda, na comédia É A Mãe, vejam os vídeos promocionais no blog Mania de Saúde http://mania-de-saude.blogspot.com/ leia ainda Regulamento e Programação do Fórum Latino americano de Fotografia, realizado em São Paulo pelo Itau Cultural, e Regulamento do Prêmio Porto Seguro de Fotografia 2010, além de uma entrevista com Silvano Motta, Diretor de Eventos do Cine Teatro São João, integrante do Grupo de Teatro Nós na Rua, e responsável pelo Festival de Inverno de Cultura de São João da Barra.
AGENDA MPBAR:
QUARTA E QUINTA (21H) - LOLÔ (MPB)
SEXTA (21H) - LOLÔ E EROS (MPB E POP)
SÁBADO (21H) - MARIA FERNANDA E TICO FLORIANO (BOSSA NOVA)
DOMINGO (14H)- QUARTETO REGRA TRÊS (CHORO)
DIA 6/8, 21H,
BLUES, POESIA, HUMOR E AFINS
NA NOITE DO ENCRAVO E A ROSA.
COM LUIZZ RIBEIRO, ARTUR GOMES, SÉRGIO MÁXIMO E CLARA BRITO
NÃO PERCAM NOSSA I NOITE CAIPIRA!
DIA 20/08, 21H
. FORRÓ AO VIVO
MPBar – Rua Alonso Coelho da Silva, 34 - Flamboyant
Rua Afonso Coelho da Silva, 34 – Flamboyant
Campos dos Goytacazes – RJ
Luizz Ribeiro + Sérgio Máximo +
Clara Brito + Artur Gomes + Lolô
IndGesta
uma caneta pelo amor de deus
uma máquina de escrever
uma câmera por favor
quero um computador
nem que seja pós moderno
vamos fazer um filme
vamos criar um filho
deixa eu amar a lídia
que a mediocridade desta idade mídia
não coca cola mais
nem aqui nem no inferno
arturgomes/luizz ribeiro
canibália city
http://goytacity.blogspot.com/
Mania de Saúde Arte e Cultura
Nosso Jornal é Mensal mas nosso Blog é diário
Nos próximos dias 5, 6, e 7 às 21:00h no Teatro de Bolso, e no dia 8 às 20:00h, Sidney Navarro e Thiago Eugêgio, encontra-se no palco interpretando, respectivamente Helena Beatriz e Maria Eduarda, na comédia É A Mãe, vejam os vídeos promocionais no blog Mania de Saúde http://mania-de-saude.blogspot.com/ leia ainda Regulamento e Programação do Fórum Latino americano de Fotografia, realizado em São Paulo pelo Itau Cultural, e Regulamento do Prêmio Porto Seguro de Fotografia 2010, além de uma entrevista com Silvano Motta, Diretor de Eventos do Cine Teatro São João, integrante do Grupo de Teatro Nós na Rua, e responsável pelo Festival de Inverno de Cultura de São João da Barra.
AGENDA MPBAR:
QUARTA E QUINTA (21H) - LOLÔ (MPB)
SEXTA (21H) - LOLÔ E EROS (MPB E POP)
SÁBADO (21H) - MARIA FERNANDA E TICO FLORIANO (BOSSA NOVA)
DOMINGO (14H)- QUARTETO REGRA TRÊS (CHORO)
DIA 6/8, 21H,
BLUES, POESIA, HUMOR E AFINS
NA NOITE DO ENCRAVO E A ROSA.
COM LUIZZ RIBEIRO, ARTUR GOMES, SÉRGIO MÁXIMO E CLARA BRITO
NÃO PERCAM NOSSA I NOITE CAIPIRA!
DIA 20/08, 21H
. FORRÓ AO VIVO
MPBar – Rua Alonso Coelho da Silva, 34 - Flamboyant
sábado, 17 de julho de 2010
jura secreta 114
para juliana inhasz
esse teu olho que me olha
azul safira
ou mesmo verde esmeralda
fosse pétala/pedra rara
carne da matéria doce
ou mesmo apenas fosse
esse teu olho que me molha
quando me entregas do mar
toda alga que me trouxe
arturgomes
juras secretas
http://juras-secretas.blogspot.com/
musa da minhacannon
http://musadaminhacannon.blogspot.com/
segunda-feira, 28 de junho de 2010
cine video urbanidades
o amor tem caminhos estranhos
jura secreta 16
fosse essa menina monalisa
ou se não fosse apenas brisa
diante da menina dos meus olhos
com este mar azul nos olhos teus
nem sei se MichelÂngelo DaVinci
Dali ou Portinari
te anteViram no instante maior
da criação
pintura de um arquiteto grego
ou quem sabe até filha de Zeus
e eu Narciso amante dos espelhos
procuro um espelho em minha face
para ver se os teus olhos
já estão dentro dos meus
jura secreta 112
a faca entre
os teus dentes
na gengiva sangra
trafego em angra
pela ilha grande
e
os teus olhos
ainda estão na praia
arraia fêmea
prenhe pelo macho
re/leio olga
algas me roçando
as coxas
me lambendo acima
do umbigo
embaixo
ArturGomes
canibália city
http://goytacity.blogspot.com/
SampleAndo
http://artur-gomes.blogspot.com/
Jura secreta 14
a faca entre
os teus dentes
na gengiva sangra
trafego em angra
pela ilha grande
e
os teus olhos
ainda estão na praia
arraia fêmea
prenhe pelo macho
re/leio olga
algas me roçando
as coxas
me lambendo acima
do umbigo
embaixo
ArturGomes
canibália city
http://goytacity.blogspot.com/
SampleAndo
http://artur-gomes.blogspot.com/
Jura secreta 14
eu te desejo flores lírios brancos
margaridas girassóisrosas vermelhas
e tudo quanto pétalas
asas estrelas borboletas
alecrim bem-me-quer e alfazema
eu te desejo emblema
deste poema desvairado
com teu cheiro teu perfume
teu sabor teu suor tua doçura
e na mais santa loucura
declarar-te amor até os ossos
eu te desejo e posso :
palavrArte até a morte
enquanto a vida nos procura
arturgomes
domingo, 20 de junho de 2010
mataram o festcampos de poesia falada
avelino jura que não foi ele
Blogueiros Desocupados apresentam:
Noite do Encravo e a Rosa
Paródias noturnas em canibália city
Breve no MPBar – mais informações:
e-mail fulinaima@gmail.com
Paulo Ciranda – Marçal Tupã
canibália city
não sei se febre água fogo fala
bala apontada
na boca do gatilho
o olhar explode dinamite
no embrião do caos
na boca do gatilho
o olhar explode dinamite
no embrião do caos
de que feito esta cidade?
ela atravessa a grana pro marido
eu me deserto
me entorto
trago a língua endiabrada
dentro a boca
não me travo
a polícia implode
mais um bunker na favela
o senado vota
a decisão pro ficha limpa
agora me pergunto:
o que é que o marido
vai fazer com ela?
Arturgomes
canibália city
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SampleAndo
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vai fazer com ela?
Arturgomes
canibália city
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SampleAndo
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sexta-feira, 11 de junho de 2010
canibália city 2
fil de olho no furacão - fotos: artur gomes
um poema ácido
os fantasmas
ainda sobrevoam
sobre telhados de vidro
laranjas continuam espalhados
aos quatro ventos
algo de podre fede
em goyta city
e nenhum perfume
é capaz de apagar
o odor da lama bruta
se na esquina
o bandido tem direito
de exercer a profissão
não quer dizer
que político
pode saquear a coisa pública
como se fosse privada
onde nem descarga
consegue descer
a merda
do ralo pro esgoto
e o mais escroto
disso tudo
é saber que não foi
esse tipo de poder
que o povo lhe concedeu
arturgomes
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um poema ácido
os fantasmas
ainda sobrevoam
sobre telhados de vidro
laranjas continuam espalhados
aos quatro ventos
algo de podre fede
em goyta city
e nenhum perfume
é capaz de apagar
o odor da lama bruta
se na esquina
o bandido tem direito
de exercer a profissão
não quer dizer
que político
pode saquear a coisa pública
como se fosse privada
onde nem descarga
consegue descer
a merda
do ralo pro esgoto
e o mais escroto
disso tudo
é saber que não foi
esse tipo de poder
que o povo lhe concedeu
arturgomes
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bela mais que bela
sensualidade em tua boca
é mato
eu sei do fato que me prende
ao teu sorriso
o siso que me atrai
quando atiça
larissa tens no nome
miranda o sobrenome
na película do meu filme
quero tua pele no acetato
e
na cardiografia do poema
te foto grafo no cinema
para o meu álbum de retrato
sensualidade em tua boca
é mato
eu sei do fato que me prende
ao teu sorriso
o siso que me atrai
quando atiça
larissa tens no nome
miranda o sobrenome
na película do meu filme
quero tua pele no acetato
e
na cardiografia do poema
te foto grafo no cinema
para o meu álbum de retrato
maralto
não entre
neste mar
em tempestade
as gaivotras
sobrevoam
a praia
e só mergulham
quando o mar
está pra peixe
teu corpo
não merece
os dentes
de tubarões famintos
tua carne
é hóstia
para outras missas
o teu sangue
vinho
para outros
dentes
não entre
neste mar
em tempestade
as gaivotras
sobrevoam
a praia
e só mergulham
quando o mar
está pra peixe
teu corpo
não merece
os dentes
de tubarões famintos
tua carne
é hóstia
para outras missas
o teu sangue
vinho
para outros
dentes
aboio
ainda tarde
mas é tempo
tempo futuro
é agora
tempo presente
já foi
por isso
inda toco meu boi
não boto conversa fora
ainda tarde
mas é tempo
tempo futuro
é agora
tempo presente
já foi
por isso
inda toco meu boi
não boto conversa fora
arturgomes
marca registrada – poema de Artur Gomes
musicado e cantado por Luiz Ribeiro
musicado e cantado por Luiz Ribeiro
domingo, 23 de maio de 2010
lavra/poema
todos os poetas
já cantaram suas musas:
mayara bethânia clarice
alice bárbara isadora
qual o nome
que ainda
não disse
na lavra
do poema
agora
artur gomes
http://artur-gomes.blogspot.com/
bela mais que bela qual será o nome dela?
coloco em tuas mãos
quatro rosas de vento
skol vodka ice
e um desejo abstrato
nesse poema concreto
deixo em tuas mãos
a flor e o objeto
além meus olhos sedentos
nestes teus dedos de louça
brazilíricas
um tapa no branco
tragado no preto
como instante opus
ópio de pessoa
como fiapo de manga
entrelaçado nos dentes
black Billy
ela tinha um jeito gal – fatal vapor barato
toda vez que me trepava as unhas com um gato
cantar era seu dom
chegava a dominar a voz feito cigarra
cigana ébria vomitando doses do seu canto
uma vez só subiu ao palco
estrela no hotel das prateleiras
companheira de ratos na pele de incetos
praticando a luz incerta no auge do apogeu
a morte
não é muito mais que um plug elétrico
um grito de guitarra – uma centelha
logo assim que ela começa
algo se espelha
na carne inicial de quem morreu
?
Arturgomes
http://artur-gomes.blogspot.com/
bela mais que bela
ninguém sabe o nome dela
1
bebo em teus olhos serenos
o líquido que ele olha
minha língua molha
onde a tua bebe
música
que chove lá fora
2
este piercing
em teu nariz
me dói
não ser meus dedos
poemas em tua boca
pronomes em tua fala
por entre cores e nomes
um disco de Cássia Eller
tocando na tua sala
3
dama da noite
bela
onde será teu endereço?
cão vadio que sou
vou latir em tua porta
proteger tua morada
catar estrelas cadentes
brincar de são Jorge na lua
onde mordo o dragão da maldade
e te beijo vestida de nua
clara joplin
para clara brito
clara tem a voz
que rasga
arara rara
dessa selva clara
tua voz
entorta
abre portas
de qualquer corpo
humano
estica nervos
estala
ossos
atiça línguas
pra rasgar
os panos
herdou de janis
a garganta santa
a voz pagã
voz de arrepio
quando clara
canta
é fogo no pavio
insita os deuses
diabos
dos navios
e faz meninas
desabrochar os cios
artur gomes
http://braziliricas.blogspot.com/
para clara brito
clara tem a voz
que rasga
arara rara
dessa selva clara
tua voz
entorta
abre portas
de qualquer corpo
humano
estica nervos
estala
ossos
atiça línguas
pra rasgar
os panos
herdou de janis
a garganta santa
a voz pagã
voz de arrepio
quando clara
canta
é fogo no pavio
insita os deuses
diabos
dos navios
e faz meninas
desabrochar os cios
artur gomes
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quinta-feira, 20 de maio de 2010
brazilíricas
alta tensão: foto - artur gomes
me espanta o espanto do gullar com o poema que não vem
não estou nem aqui
não quero star
me vejo nos arcos
grafitando luas
em tuas mãos de chuva
como um domingo no parque
o rei da brincadeira é josé o rei da confusão é joão, um trabalhava na feira ê josé e outro na construção ê joão:
a primeira vez que ouvi(vi) gil na TV era 68, estava eu trancafiado entre as enormes paredes dos dragões da independência em brasília das quadrilhas, e não sabia nada de mim.
cda me disse que o poema vem
das tripas do intestino grosso
e faustino da vida toda linguagem
todos os dias quando acordo cedo
não tenho mais o tempo que passou:
renato russo ainda vivo como dantes
domingo no parque
todas manhãs quando acendo a tela me vem o filme suas mãos passeando pelas minhas costas tipo uísque riverdies noise craft pop rock poesia tarde inteira no parque da ruínas muito depois já madrugada na porta de entrada do edifício escuto o grito ela me chama fomos à cerveja no boteco ao lado na subida da Alice até a última porta se fechar minutos depois sentados na pracinha em frente ela devora um hambúrguer com seus lindos dentes eu devorava os dentes dela
canibália city
não sei se febre água fogo fala
bala na boca do gatilho
o olhar eplode dinamite
no embrião do caos
de que feito esta cidade?
ela atravessa a grana pro marido
eu me deserto
me entorto
trago a língua endiabrada
dentro a boca
não me travo
a polícia implode
mais um bunker na favela
o senado vota a decisão
pro ficha limpa
agora me pergunto:
o que é que o marido
vai fazer com ela?
O POETA PEDE AO SEU
AMOR QUE LHE ESCREVA
Amor de minhas entranhas, morte viva,
em vão espero tua palavra escrita
e penso, com a flor que se murcha,
que se vivo sem mim quero perder-te.
O ar é imortal. A pedra inerte
nem conhece a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
o mel gelado que a lua verte.
Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,
tigre e pomba, sobre tua cintura
em duelo de kordiscos e açucenas.
Enche, pois, de palavras minha loucura
ou deixa-me viver em minha serena
noite da alma para sempre escura.
MAIAKOVSKI
urbanicidade
asfalto
uma palavra quente
mesmo quando chove
ex-fria piche nos ossos
janelas
:
de concreto/carne
neste corpo/casa
que não mais me habita
arturgomes
http://artur-gomes.blogpspot.com/
beijo o céu da tua boca agora já é outro instante depois de fechar e abrir esta janela para o nada ou para tudo que já veio ou inda virá na vera cruz destes escombros que não mais cidade ainda mordo com os dentes que me resta carnes e frutas bagaços de um sentido solto quando a toalha sobre a mesa não cabe nas metáforas
O POETA PEDE AO SEU
AMOR QUE LHE ESCREVA
Amor de minhas entranhas, morte viva,
em vão espero tua palavra escrita
e penso, com a flor que se murcha,
que se vivo sem mim quero perder-te.
O ar é imortal. A pedra inerte
nem conhece a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
o mel gelado que a lua verte.
Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,
tigre e pomba, sobre tua cintura
em duelo de kordiscos e açucenas.
Enche, pois, de palavras minha loucura
ou deixa-me viver em minha serena
noite da alma para sempre escura.
MAIAKOVSKI
urbanicidade
asfalto
uma palavra quente
mesmo quando chove
ex-fria piche nos ossos
janelas
:
de concreto/carne
neste corpo/casa
que não mais me habita
arturgomes
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beijo o céu da tua boca agora já é outro instante depois de fechar e abrir esta janela para o nada ou para tudo que já veio ou inda virá na vera cruz destes escombros que não mais cidade ainda mordo com os dentes que me resta carnes e frutas bagaços de um sentido solto quando a toalha sobre a mesa não cabe nas metáforas
quinta-feira, 13 de maio de 2010
uma caneta pelo amor de deus
Poema de Artur Gomes musicado e cantado por Luizz Ribeiro
Com participações de Sérgio Máximo(violão), Henrique(guitarra) e
Clara Brito (vocais)
Ind/gesta
uma caneta pelo amor de deus
uma máquina de escrever
uma câmera por favor
quero um computador
nem que seja pós moderno
vamos fazer um filme
vamos criar um filho
deixa eu amar a lídia
que a mediocridade
desta idade mídia
não coca cola mais
nem aqui nem no inferno
arturgomes
http://carnavalhagumes.blogspot.com
fulinaíma blues poesia
Artur Gomes, Luiz Ribeiro e Fil Buc
Dia 21/5 em Macaé na
III Feira de RSE Bacia de Campos
http://www.feirarsebaciadecampos.com.br/
III Feira RSE Bacia de Campos
Veja programação aqui: http://goytacity.blogspot.com/
A flor da pele
meus lábios em teus ouvidos
flechas netuno cupido
faca na língua língua na faca
a febre em patas de vaca
unhas sujas de Lorca
cebola pré sal com pimenta
na tua língua com coentro
tempero sabre de fogo
qualquer paixão reinvento
o corpo/mar quando agita
na preamar arrebenta
espuma/esperma semeia
sementes letra por letra
na bruma branca da areia
sem pensar qualquer sentido
grafito em teu corpo despido
poemas na lua cheia
arturgomes
http://pelegrafia.blogspot.com/
Artur Gomes, Luiz Ribeiro e Fil Buc
Dia 21/5 em Macaé na
III Feira de RSE Bacia de Campos
http://www.feirarsebaciadecampos.com.br/
III Feira RSE Bacia de Campos
Veja programação aqui: http://goytacity.blogspot.com/
A flor da pele
meus lábios em teus ouvidos
flechas netuno cupido
faca na língua língua na faca
a febre em patas de vaca
unhas sujas de Lorca
cebola pré sal com pimenta
na tua língua com coentro
tempero sabre de fogo
qualquer paixão reinvento
o corpo/mar quando agita
na preamar arrebenta
espuma/esperma semeia
sementes letra por letra
na bruma branca da areia
sem pensar qualquer sentido
grafito em teu corpo despido
poemas na lua cheia
arturgomes
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terça-feira, 13 de abril de 2010
Vídeo Poesia
Artur Gomes e Igor Fagundes – filmados por Jiddu Saldanha, no Parque das Ruínas – Santa Teresa – Rio de Janeiro
Overdose Sonora em Santa Teresa
Artur Gomes interpreta Mário Faustino – filmado por Jiddu Saldanha
Artur Gomes e May Pasquetti – filmados por Jiddu Saldanha no Parque das Ruínas – Santa Terea – Rio de Janeiro
Overdose Sonora em Santa Teresa
Artur Gomes interpreta Mário Faustino – filmado por Jiddu Saldanha
Artur Gomes e May Pasquetti – filmados por Jiddu Saldanha no Parque das Ruínas – Santa Terea – Rio de Janeiro
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Querido Artur
Você é umas das mais bonitas provas do quanto a virtualidade é o mais concreto dos mundos. O que me tocou quando te conheci foi a sua forma de ressignificar as palavras. Cansada de ler “batatinhas quando nascem”, sempre desejei alguma coisa nova... Alguma criação revolucionária que pudesse sair da mesmice, que pudesse mudar a vida, reinventando a paixão.
Suas palavras enlouquecem verbos, deliram na musicalidade de quem ama e deve também fazer estragos aos quadradinhos que querem rotular tudo numa corrente literária, sem compreender as energias que transcendem escolas.
Dizer que admiro você, frente a este contexto, parece pouco: EU DELIRO POR VOCÊ!!!!
Artur Gomes Toda Poesia
Juras secreta 18
te beijo vestida de nua
somente a lua te espelha
nesta lagoa vermelha
porto alegre caís do porto
barcos navios no teu corpo
peixes brincam no teu cio
nus teus seios minhas mãos
e as rendas íntimas que vestias
sobre os teus pêlos ficção
todos os laços dos tecidos
e aquela cor do teu vestido
a pura pele agora é roupa
e o baton da tua boca
e o sabor da tua língua
tudo antes só promessa
agora hóstia entre os meus dentes
para espanto dos decentes
te levo ao ato consagrado
se te despir for só pecado
é só pecar que me interessa
Jura secreta 43
afora em mim grafitemas
nenhuma figuralidade
frutas legumes verduras
quem cala a fala consente
houve um dia que a dita/dura
calou a fala da gente
grafito em tua carne de pedra
medusa de sete patas
poema de sete cabeças
miragens do amor que enlouqueça
apóstolos na santa ceia
miró brincando de circo
de olho na lua cheia
Jura secreta 16
fosse esta menina monalisa
ou se não fosse apenas brisa
diante da menina dos meus olhos
com esse mar azul nos olhos teus
não sei se michelangelo da vinci
dalí ou portinari te anteviram
no instante maior da criação
pintura de um arquiteto grego
quem sabe até filha de zeus
e eu narciso amante do espelho
procuro o espelho em minha face
para ver se os teus olhos
já estão dentro dos meus
Jura Secreta 55
para Ana Gusmão
xangô é parte da pedra
exu fagulha de ferro
ogum espada de aço
faz do meu colo teus braços
oxossi carne da mata
iansã é vento fogo tempestade
yaemanjá água do mar
oxum é água doce
oxalá em ti me trouxe
te canto como se fosse
um novo deus em liberdade
Mar de Búzios
vaza sob meus pés
um rio das ostras
enquanto minha mãos em conchas
passeiam o mangue dos teus seios
e provocam o fluxo do teu sangue
os caranguejos olham admirados
a volúpia dos teus cios
quando me entregas o que traz
por entre as praias e permites desatar
todos os nós do teu umbigo
transbordando mar de búzios
- oceanos
atrlântico pulsar entre dois corpos
que se descobrem peixes
e mergulham profundezas
seja qual for a hora
em que ser beijam num pontal
em comunhão total com a natureza
Viagem Tropical
Ah! Meu amor
que maravilha!
apesar dessa quadrliha
tudo aqui vai muito bem
tudo aqui nada vai mal
isso aqui ainda é Brasílha
ou já é novo Pantanal?
a ostra e o vento
p/Branca Lima
fosse marcela uma ilha
deserta atlântica
maravilha
iria eu lá naufragar
fosse só algas e peixes
pérola ostra
armadilha
cabelos fossem só vento
seus olhos fossem só mar
Jura secreta 56
tens uma menina vadia
entre os teus olhos de ninfa
e o vulcão no teu umbigo
flor de lótus pele roxa
alguma alga marinha
na preamar das densas coxas
aberta mulher ao cio
desejo-te enquanto bebe come
onde provas do gozo ri e chora
teus beijos água de rio
mistério que me devora
curto/circuito
quem disse que amor
é mudo
surdo
cego
não sabe o que carrego
em meu estado de surto
biologicamente fulinaímica falo
sensualidade em tua boca é mato
cama em que me basta e pasto
quando um deus fiat-lux
tendo a pólvora fez o fósforo
e deu-se a primeira explosão
bola de fogo sem limites
e nos espermas de uranos
michele sato já me disse
germinou-te eva e afrodite
o ser da tropicália a tropicanAlice
e sendo adão homem primeiro
deu-me as mãos para o direito
em devorArte pela arte inteira
vênus qualquer sendo de marte
tens dentro da carne brasileira
poderosas fibras na textura
santa mulher nossa senhora
a profanação pela loucura
para equilibrar o planeta onde mora
injúria secreta
suassuna no teu corpo
couro de cor compadecida
ariano sábio e louco
inaugura em mim a vida
pedra de reino no riacho
gumes de atalhos na pedreira
menina dos brincos de pérola
palavra acesa na fogueira
pós os ismos tudo é pós
na pele ou nas aranhas
na carne ou nos lençóis
no palco ou no cinema
a palavra que procuro
é clara quando não é gema
até furar os meus olhos
com alguma cascata de luz
devassa quando em mim transcende
lamparina que acende
e transforma em mel o que era pus
poema/invenção/poema
poema/invenção/poema
inventar o nada por de trás da tarde
se é savary em olgatudo é quanto arde
se em césar castro
anjo antropofágico
radiografando o trágico
no corpo do pivete
gol de letra do moleque
federico serAfim
reinventar enfim
com ferocidade
como fogo em brasa
pra não morrer de tédio
por morar numa cidade
onde nem a minha casa
não mora mais em mim.
fulinaimicamente
do som dessa palavra
nasce uma outra palavra
fulinaimicamente
no improviso do repente
do som dessa palavra
nasce uma outra palavra
fulinaimicamente
brasileiro sou bicho do mato
brasileiro sou pele de gato
brasileiro mesmo de fato
yauaretê curumim carrapato
em rio que tem piranha
jacaré sarta de banda
criolo tô na umbanda
índio fui dentro da oca
meu destino agora traço
dentro da aldeia carioca
jackson do pandeiro
federico baudelaire
nas flores do mal me quer
artur rimbaud na festa
de janeiro a fevereiro
itamar da assunção
olha aí zeca baleiro
no olho do mundo cão
fulinaíma
misturei meu afro reggae a muito xote
do xaxado ainda fiz maracatu
maxixe frevo já juntei ao fox trote
quando dancei bumba meu boi em pernambuco
fulinaíma é punk rock
rasgando fados em bossa nova
feito blues
para pintar a pele branca de vermelho
e repintar a pele preta de azuis...
botei sanfona no rufar desse baião
tambor de minas capixaba no lundu
no paraná berimbau de capoeira
dancei em noites de lual no maranhão
mas em são paulo pedras quando rolam
pelos céus de nossas bocas meus irmão
fulinaíma azeita o caldo da mixtura
para fazer o que não jazz ainda soul
porção de restos de alguma partitura
que algum músico com vergonha recusou
por ser estranho o que naquilo descobriu
mas se a gente canta no cantar essa ternura
é que mamãe mamãe mamãe macunaíma
ainda chora pelas matas do Brasil
Goytacá Boy
gosto de cumer
a traça
e se és parte da raça
nesta selva
vira caça
se és humana
e ultrapassa
a espécie
do que caço
estás salva
dos meus dentes
mas se ainda
és curuminha
por onde vais e caminha
entre a cidade
e o matagal
pode inspirar
meu samba/enredo
e desfilar
entre os meus dedos
onde tudo é carnaval
drummundana itabirina
fedra margarida a resolvida
decidira desfilar pela última vez
portando falo
resolvera desnudar de vez
a sua outra mulher
brazílica amanheceu incrédula
cartazes faixas manchetes vozes vozerios
por todas as vias multmeios multvias
voziferavam: Não ao Sim
e margarida flor impávida
lá foi beira-mar contando estrelas no cruzeiro
e césar que não é castro
continuou a pigmentar seu mastro
no outro lado da tela
e um dia fedra sorrindo
com o pênis/baton da louca
foi ao boca de luar da Fedra
e voltou com o luar na boca
SagaraNAgens
guima meu mestre guima
em mil perdões eu te peço
por esta obra encarnada
na carne cabra da peste
da hygia ferreira bem casta
aqui nas bandas do leste
a fome de carne é madrasta
ave palavra profana
cabala que vos fazia
veredas em mais sagaranas
a morte em vida Severina
teu grande serTão vou comer
nem joão cabral severino
nem virgulino de matraca
nem meu padrinho de pia
me ensinou usar faca
ou da palavra o fazer
a ferramenta que afino
roubei do mestre drummundo
que o diabo giramundo
é o narciso do meu ser
lua cheia
tenho traficado como um bardo
farejado como um cão
coyote vira lata
por estas ruas de março
nesta cidade vadia
namorando a lua cheia
quando baixa no leblon
na sola do meu sapato
devorando a claudia raia
e mastigando este barato
olho de lince
onde engendro
a sagarana
invento
a sagaranagem
entre a vertigem
e a voragem
na palavra
de origem
entre a língua
e a miragem
mordendo: o vírus da linguagem
no olho de lince do poema
Engenho
engenho na palavra
é Arte
Arte na palavra
engenho
tenho a vida
como Arte
Arte como a vida
tenho
Detrito Federal
profano as tetas da vaca
e dou descarga na coisa privada
para limpar a coisa pública
estou aqui na república
império das empreiteiras
navios bancos fantasmas
laranjas vampiros de fato
dos esgotos surgem os ratos
nos palácios senados congressos
poeta não é o bobo da corte
poeta é pedra no sapato
governabilidade é o cacete
política não é só panfletagem
um país não é só a sacanagem
que se varre para baixo do tapete
dia d
,
furai
a pele das partículas dos poemas
viemos das gerações neoabstratas
assistindo a belos filmes de Godart
inertes em películas de Truffaut
bebendo apocalipses de Fellini
em tropicâncer genocidas de terror
, sangrai a tela realista dos cinemas
na pele experimental do caos urbano,
tragai
Dali pele entre/ossos
Glauber rugindo enTridentes
na língua do veneno o gozo das serpentes
nos frascos insensíveis de isopor
,
caímos no poder do vil orgânico
entramos no curral dos artefatos
na porta de entrada os artifícios
na jaula sem saída os mesmos pratos
Leminski Ana 9
para Marisa Francisco
o estado pode ser de choque
ou quem sabe até de surto
o soco pode ser no estômago
a facada for ferir o fígado
o bandido me assaltar na via
o sangue explodir na veia
a vodka só me der asia
todo instante que vier eu curto
a palavra que pintar eu furto
tudo o que faço é poesia.
anjo torto
meninas para mim
serão sempre meninas
jóia rara coisa fina
cássia eller zélia duncan
marisa monte ana carolina
adriana calcanhoto
não sou mário sá carneiro
nem nasci em fevereiro
eu sou eu não sou o outro
não sou pilar da ponte de tédio
mas posso ser o intermédio
pra amenizar teu desconforto
não há fórmula nem remédio
eu sou mesmo o anjo torto
um tiro oculto na gramática 2
poeta diabo de 5 letras
uma metade homem
outra metade cometa
iluminado como sol
na garganta do futuro
espírito santo na boca
em cada palavra que procuro
Retalhos Imortais do SerAfim
atiro contra o tédio infame
pedaços do meu corpo em prumo
poemas refazendo em transe
retalhos de um tecido em partes
seguindo por segundo a trilha
na etérea construção da arte
Foto.Grafia Urbana
entre a lâmina e o perfume
as garras do tigre nos teus dentes
entre a língua do lagarto
e o olho das serpentes
entre o amor e o ciúme
à flor da pele
no tecido que seduz
ou na foto que revele.
amor de telenovela
amei uma mulher que não era
mas era como se fosse
como se fosse terra
como se fosse água
como se fosse fogo
como se fosse ar
como se fosse mata
como se fosse mar
como se fosse céu
como se fosse chuva
como se fosse chão
não era uma vera ficher
mas era como se fosse
não era a débora secco
mas era como se fosse
nem carolina dickman
mas era como se fosse
não era nicole kidman
mas era como se fosse
nem marieta severo
mas era como se fosse
não era uma imperatriz
mas o nosso castelo
era como se fosse
as Minas do Rei Salomão
amei esta mulher feliz
que era como se fosse
atriz de televisão.
20 de fevereiro
fosse quântico esse dia
calmo
claro
intenso
inteiro
20 de fevereiro
sendo assim esperaria
mesmo que em meio a tarde
tempestades trovoadas
insanidades
guerras frias
iniquidade
angústia
agonia
mesmo assim esperaria
20 horas
20 noites
20 anos
20 dias
até quando esperaria?
até que alguém percebesse
que mesmo matando o amor
o amor não morreria
LadyGumesAfrincan'sBaby
para Samaral in/memorian
meto meus dedos cínicos
no teu corpo em fossa
proclamando o que ainda possa
vir a ser surpresa
porque amor não tem essa
de cumer na mesa
é caçador e caça
mastigando na floresta
todo tesão que resta
desta pátria/indefesa.
ponho meus dedos cínicos
sobre tuas costas
vou lambendo bostas
destas botas neoBurguesas
porque meu amor não tem essa
de vir a ser surpresa
é língua suja/grossa/visceral/ilesa
pra lamber tudo o que possa
vomitar na mesa
e me livrar da míngua
desta língua portuguesa
Meta Língua
onde falo sagarana
leiam sagaranagem
junção de gana e garagem
engrenagem que move o mundo
músculo do automóvel
extirpado do sub-mundo
da grafia
da gramática
poema não matemática
linguagem prosa no verso
dos campos beijo as galáxias
em serAfim o concreto
revejo as liras de antes
em guimarães o projeto.
mamãe coragem
numa canção do lenine
o peixe está na rede
o mar está com sede
o rio agora chora
onde esta cidade pedra
veracidade medra
eu te esfinjo drama
onde a ferocidade fedra
eu te desejo deda
eu te devoro dama
pensando a trama do torquato
eu disse mamãe coragem
a vida é sagaranagem
fulinaíma é viagem
te levo na minha bagagem
não chora mamãe não chora
Baby é Cadelinha
devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob o esterco de vênus
onde me perco mais me encontro menos
de tudo o que não sei
só fere mais quem menos sabe
sabre de mim baioneta estética
cortando os versos do teu descalabro
visto uma vaca triste como a tua cara
estrela cão gatilho morro:
a poesia é o salto de uma vara
disse-me uma vez só quem não me disse
ferve o olho do tigre enquanto plasma
letal a veia no líquido do além
cavalo máquina meu coração quando engatilho
devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob os demônios de eros
onde minto mais porque não verus
fisto uma festa a mais que tua vera
cadela pão meu filho forro:
a poesia é o auto de uma fera
devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob os panos
quem incesta?
perfume o odor final do melodrama
sobras de mim papel e resma
impressão letal dos meus dedos imprensados
misto uma merda a mais que tua garra
panela estrada grão socorro:
a poesia é os fausto de uma farra
poÉtica
tudo o que há em mim
é canto
tudo o que há em mim
é fala
por isso
mesmo quando Mudo
o que há dentro de mim
não cala.
Foto.Grafia anti Nuclear
meu objeto concreto
é um poema abstrato
impressionista
realista
quem sabe até
neo concretista
poderoso artefato
uma bomba de hiroshima
uma rosa parafina
ou quem sabe uma menina
que conheci
só no retrato
VeraCidade
porque trancar as portas
tentar proibir as entradas
se já habito os teus cinco sentidos
e as janelas estão escancaradas?
um beija-flor risca no espaço
alguma letras de um alfabeto grego
signo de comunicação indecifrável
eu tenho fome de terra
e esse asfalto sob a sola dos meus pés
agulha nos meus dedos
quando piso na augusta
o poema dá um tapa
na cara da paulista
flutuar na zona do perigo
entre o real e o imaginário
joão guimarães rosa
caio prado martins fontes
um bacanal de ruas tortas
eu não sou flor que se cheire
nem mofo de língua morta
o correto deixei na cacomanga
matagal onde nasci
com os seus dentes de concreto
são paulo é quem me devora
e selvagem devolvo a dentada
na carne da rua aurora
guimarães/rosa
a rosa de guimarães
não é apenas palavra prosa
muito menos pura poesia
ave palavra magma
grande sertão sagarana
veredas do mato dentro
a rosa de guimarães
é grande jardim planetário
na construção do espaço/tempo
que ainda hoje cultivo
no meu quintal imaginário
e colho dessa matéria
o essencial elemento.
sagração da primavera
se sou teu vinho
me beba
se sou tua carne
me coma
para matar a tua sede
para aumentar a tua fama
me leva
pra tua rede
me leva
pra tua cama.
elemento/fúria
teus dentes instigam
meus instintos
trama
em que a língua
tara
trafego tuas trilhas
e tramo a telha
que me der na tralha
palavra é instrumento solto
entre sorriso e dentes
enquanto língua em minha fala.
carNAvalha
beberei em teu sorriso
licores do céu da tua boca
mesmo suja de baton ou louca
em nossa sede visceral
quero teu cio baby
tuas dádivas de Vênus
amor é mais nunca de menos
que seja a vinho gin ou coca
que seja a ópio ou serpentina
lança perfume ou cafeína
beber teus olhos minha sina
FlorBela
fosse apenas uma menina
mesmo assim a rima
desce no mais íntimo
fundo do teu íntimo
muito pra lá de onde
a tua boca chora
onde a lágrima é brasa
e acende a chama quente
como um beijo líquido
no teu cio aceso
entre os teus seios entre
é onde falo no teu corpo agora
Indiscreta
outras imagens outras
se escrevesse ou me dissesse
e Clarisse ainda me disse
teu fogo inda me devora
arde queima consome
tua língua lambe meu nome
na bruma branca das horas
anjo em transe 1
fosse o que apenas já foi dito
escrito falado pensado
não fosse tudo o que já foi maldito
e nada do que nunca foi sagrado
falo em tua boca enquanto
um anjo em transe
me ilumina tanto
que mesmo mudo
em tua língua canto
como um diabo
que subindo aos céus
tentou muito mais de uma vez
quem sabe gregório ou quem sabe castro
descendo aos infernos
como sempre fez
talvez camões no corpo de um astro
me lance infinita a chama
da pornoGráfica lucidez
Marina de La Riva
voz de onde me vem
Marina mar de corais e sais
ilhas tropicais
em si em sóis
em lá
de onde me vem
esta mulher
em sons vocais
e sendo ainda de la riva
eu vi menina
com tua iris
feminina
nos verdes campos
dentro os meus canaviais
Jura Não Secreta
quero dizer que ainda arde
tua manhã em minha tarde
a tua noite no meu dia
quero dizer que ainda é cedo
ainda tenho o samba enredo
é só vestir a fantasia
quero ser teu mestre sala
e você porta/badeira
quando chegar na quarta feira
a gente inventa outra fulia
Jura secreta 45
de Dante a Chico Buarque
todos poetas já cantaram suas musas
beatriz são todas
beatriz são tantas
beatriz são muitas
beatriz são quantas
algumas delas na certa
também já foram cantada
por este poeta insano e torto
pra lhes trazer o desconforto
do amor quando bandido
beatriz são nomes
mas este de quem vos falo
não revelo o sobrenome
está no filme sagrado
na pele do acetato
na memória do retrato
beatriz no último ato
da divina comédia humana
quando deita em minha cama
e come do fruto proibido
Black billy
ela tinha um jeito gal – fatal vapor barato
toda vez que me trepava as unhas como um gato
cantar era seu dom chegava a dominar a voz
feito cigarra
cigana ébria vomitando doses do seu canto
uma vez só subiu ao palco
estrela no hotel das prateleiras
companheira de ratos na pele de insetos
praticando a luz incerta no auge do apogeu
a morte não é muito mais que um plug elétrico
um grito de guitarra uma centelha
logo assim que ela começa
algo se espelha na carne inicial
de quem morreu
Pornofônico confesso
se este poema inocente
primitivo natural indecente
em teu pulsar navegante
entrar por tua boca entre dentes
espero que não se zangue
se misturar o meu sangue
em teu pensar quando antropo
por todas bocas do corpo
em total porno grafia
na sagração da mulher
me diga deusa da orgia
se também tu não me quer
quando em ti lateja e devora
palavra por palavra
por dentro e por fora
em pornofonia sonora
me diga lady senhora
nestes teus setenta anos
se nunca gozou pelos ânus
me diga bia de dora
num plano lítero/estético
qual cibernético ou humano
que te masturba ou te deflora
Brasília
goi áis cerrado bordado
vestido de cora coralina
as vezes me deixa encantado
outras vezes me alucina
me transforma em leopardo
nas garras da tua menina
piqui fruto do mato
olho de boi visgo de jaca
jaraguá jaquatirica
ceilândia olho de vaca
taguatinga em meu retrato
brasília em mim significa
sabor de carne mordida
lambida até o caroço
na boca da bia morena
que mora em meu poema
sem alarde
alvorada ou alvoroço
bolero blue
beber de conhac
em tua boca
para matar a febre
nas entranhas entre os dentes
indecente
é a forma que te como
bebo ou calo
e se não falo quando quero
na balada ou no bolero
não é por falta de desejo
é que a fome desse beijo
furta qualquer outra palavra presa
como caça indefesa
dentro da carne que não sai
vôo rasante
desce
ao mais secreto
ao submerso
submundo
desse mundo
que o amor
é mais propfundo
não cabe em superfície
só no fundo
Jura Secreta 54
moro no teu mato dentro
não gosto de estar por fora
tudo que me pintar eu invento
como o beijo no teu corpo agora
desejo-te pelo menos enquanto resta
partícula mínima micro solar floresta
sendo animal da mata atlântica
quântico amor ou meta física
o que em mim não tem respostas
metáfora d´alquimim fugaz brazílica
beijo-te a carne que te cobre os ossos
pele por pele pelas tuas costas
os bichos amam em comunhão na mata
como se fosse aquela hora exata
em que despes de mim o ser humano
e no corpo rasgamos todo pano
e como um deus pagão pensamos sexo.
Sangração das Minas
quando penetrei teus Montes Claros
rocei os pêlos das montanhas brancas
flocos de neve entre as tuas coxas
onde a boca me engolindo falo/dedos
como se as Minas
no pátio não houvesse trancas
nem nos currais cancelas
como se o esperma
do meu corpo quente
fosse somente
o alimento delas
mastigado entre seus dentes
de jaguatirica
sangrado fui teu Ouro Preto
quando devorei tua Vila Rica
nina & louise
quando meus olhos te vêem
com àquelas meias listradas
e o vermelho nariz de palhaço
brinca em meu peito a infância
que nunca deixou de existir
guardada em algumas gavetas
das sete vértebras humanas
razão do ser que vivi
Esfinge 3
érica alice por quanto mais
eu não a visse estava ali
uma miragem
sem que eu fingisse
só voragem
uma mosca em minhas costas
tatuagem quase oposta
a mulher que em carne eu visse
me olhando bem de frente
com teus olhos de serpente
azuis que de repente
devoravam-me no que disse
lavra palavra
a lavra da palavra quero
quando for pluma
mesmo sendo espora
felicidade uma palavra
quando a lavra explora
se é saudade dói
mas não demora
e sendo fauna
linda como a flora
lua luanda
vem não vá embora
se for poema
fogo do desejo
quando for beijo
que seja como agora
Avatar
avatar/esfinge
o que importa?
se aberta a tua porta
me transporta para o mar
e a janela por detrás
das tuas costas
mostra a linha do horizonte
que divide o equador
estrada/ponte
que me leva
seja lá por onde for
sobre as ondas teresina
se queres que eu grite
a morte da natureza morta
antes pense Magritte
a natureza reta
de alguma palavra torta
sobre o sangue a flor da pele
Michelle nua me entorta
em ondas de mar e lua
Gisele levita atrás da porta
Funk Dance Funk
a noite inteira invento joplin na fagulha
jorrando cocker na fornalha
funkrEreção fel fala
fábio parada de Lucas é logo ali
trilhando os trilhos centrais do braZil.
rajadas de sons cortando os ínfimos
poemas sonoros foram feitos para os íntimos
conkretude versus conkrEreção
relâmpagos no coice do coração.
quando ela canta eleonora de lennon
lilibay sequestra a banda no castelo de areia
quando ela toca o esqueleto de Lorca
salta do som em movimento enquanto houver
e federika ensaia o passo que aprendeu com mallarmé
punkrEreção pancada
onde estão nossos negrumes?
nunkrEreção negróide nada.
descubro o irado Tião Nunes
para o banquete desta zorra
e vou buscar em Madureira
a Fina Flor do Pau Pereira.
antes que barro vire borra
antes que festa vire forra
antes que marte vire morra
antes que esperma vire porra,
ó baby a vida é gume
ó mather a vida é lume
ó lady a vida é life!
Drummundo
eu sou drummundo e me confundo
na matéria amorosa
posso estar na fina flor da juventude
ou atitude de uma rima primorosa
e até na pele/pedra quando invoco
e me desbundo baratino
e então provoco umbarafundo cabralino
e meto letra no meu verso estando prosa
e vou pro fundo do mais fundo
o mais profundo mineral
guimarães rosa
Marçal Tupã
meu coração marçal tupã
sangra tupi & rock and roll
meu sangue tupiniquim
em corpo tupinambá
samba jongo maculelê
maracatu boi-bumbá
a veia de curumim
é coca cola & guaraná
engenho 484
para Jiddu Saldanha
arrancar do gesto
a palavra chave
da palavra a imagem xis
tudo por um risco
tudo por um triz
o trem bala
cospe esqueletos
no depósito da central
fuzil pode ser nosso brinquedo
- novo enredo -
para o próximo carnaval.
e pelas mãos do tempo levarei as tuas como cara/velas de um mar sem tempo ou eras quando a primavera ainda flor de lótus ou a flor do lácio quando abrir teus cios esta flor em pétala quando em teus cabelos pele flor e pêlos eu navegar teus rios te levarei por mares nunca dantes navegados lá onde descobrirei o mistério do azul nestes teus olhos planeta que ainda hei de habitar por dentro lá onde o centro do universo mora e meu verso ficará plantado em todos os segundos que viver na tua hora
EntriDentes 2
paixão é fome fogo festa
quando a foto traz o nome
quando o nome o fogo empresta
o vermelho na parede
o carnaval em tuas unhas
acende a fogueira de lácio
e olivácio salto em transe
no trampolim da tua boca
rasgando a carne que transpunha
as tuas roupas de bruxa
entre pêlos e tecidos
no espaço dos mistérios
na lâmina entre os dentes
a palavra em tua língua
na saliva das serpentes
como o veneno
mais profundo
lambendo os olhos do teu corpo
sob os lençóis do meio dia
enquanto o que pesa
é quanto vale
onde com sangue
escreveria
: se não fosses Eva quem seria?
dani-se morreale
Se ela me pisar nos calos
Me cumer o fígado
Me botar de quatro
Assim como cavalo
galopar meus pêlos
devorar as vértebras
Dani-se
Se ela me vier de unhas
Me lascar os dentes
Até sangrar meu sexo
Me enfiar a faca
Apunhalar meus olhos
Perfurar meus dedos
Dani-se
Se o amor for bruto
Até mesmo sádico
Neste instante lírico
Se comédia ou trágico
Quero estar no ato
E Dani-se o fato
Deste sangue quente
Em tua boca dos infernos
Deixa queimar os ossos
E explodir os nossos
Poemas
Pós modernos
Profanalha Nu Rio
a flecha de são sebastião
como ogum de pênis/faca
perfura o corpo da glória
das entranhas ao coração
do catete ao largo do machado
onde aqui afora me ardo
como bardo do caos urbano
na velha aldeia carioca
sem nenhuma palavra bíblica
e muito menos avária
: orgasmo é falo no centro
lá dentro da candelária
Metáfora
cavalo passo em tua janela e sem rédeas arreios ou celas alazão que sou de selvagens pradarias lagarto a soltar a pele depois de 40 dias me verão eu tigre expulso das jaulas farejando a caça pelos becos das tardes onde estão os alucinados da cidade enquanto ardendo ao sol a carne do meu corpo de estrelas cadentes e luas menstruadas despeja sobre teus olhos uma enchurrada de palavras como as cachoeiras que ainda não conheces e delas ainda não provou do líquido que teima em escorrer entre as tuas coxas onde minha língua há de beber um dia em que os sentido me despertem e eu vá olhar os lírios nos pântanos.
Unplugged(não ria é sério)
quero botar no teu orkut
um negócio sem vergonha
um poema descarado
ta chegando fevereiro
e meu Rio de Janeiro
fica lindo mascarado
quero botar no teu e-mail
um negócio por inteiro
que eu não sou zeca baleiro
pra ficar cantando a mama
que ainda tem medo do papa
meu negócio é só com a mina
que me trampa quando trapa
meu negócio é só com a mina
que me canta ouvindo o rappa
Met/Áfora 2
não me verás lugar algum enquanto os dentes não forem postos e na mesa tenha espaço para todos esse país que atravesso corpo devasso grito na cara do silêncio na boca dos escravizados eu que venho das profundezas desse tempo escuro onde as caras soterradas no asfalto onde os homens de verde desejavam chumbo sobre nossas palavras não me verás lugar algum o rosto que em mim verás agora é uma máscara que o tempo se encarregou de moldurar sobre o pescoço.
Pétala em Transe: tipo graficamente
em alguma esquina da tarde vejo em alguma vitrine que o sangue é vermelho em quem arde tipo graficamente e leio em teus olhos d´água em transversal transcendente a palavra: diagramação e deda é onde te beijo dédala mais tarde logo depois diante o computador no poema li teus olhos na tela quando um beija-flor me revela: não és pedra ou matéria in/odor és sim: pétala em transe e paixão as letras escorrem em teus dedos nas manchetes de um jornal semanário sem querer descobri teu diário onde já estão lá os segredos deste amor que me é profissão onde deito em teu corpo os vinhedos e em teu ser já deixei minhas mãos
antropofagicamente
cumer or not cumer?:
this is the question
se é para matar a fome aline
se é para matar a sede alice
se é para cumer teu nome
metáfora tropicana
lambe a tropicAnalice
e com a letra que restar do sobrenome
reInvento a tropicália
vais me ter em sagarana
mordo teus lábios de cigana
e só tua boca me define
indicativo presente
olho dentro do teu olho
para que olhe na minha cara
e cara a cara me diga
a quantas anda a nossa briga
do nosso amor pela ética
se é tão estranha a poética
do só pensar lá na frente
que eu já até perdi a conta
nesse pretérito faz de contas
das quantas vezes
que já votei pra presidente
e o nosso país do futuro
que nunca chega no presente
Flor de Lótus
Eva é quando chegas
e te apossas dos meus lábios
por inteiro
como se arte fosses
e teu corpo flor de lótus
nascendo aqui na minha cara
quando me vens
com tais palavras
e me vira pelo avesso
Eva que enfim foste o começo
quando a maçã em mim devora
fogo do amor não tem segredo
chama que queima a qualquer hora
Luz do Sol
fosse-me então matéria prima
sendo mulher mais que uma rima
Vanessa artéria me atravessa
a veia aorta
e me transporta
a outros climas no cinema
e sendo nega
não me nega
a luz na pele
e sendo pele me revela
o quanto és gente
e sendo gente
me aporta
enquanto vela
e sendo ela
acende a chama
pelos mares que atravessa
terra/mãe
agora que pairas sobre o tempo
quando o tempo ainda é tempo
ou quando invento no meu corpo
este teu tempo de existir
e reInvento o que ainda não existe
ou quando o tempo já se foi
sem sequer se existisse
ou se não visses tudo em ti
se já passou
agora mãe
é quando terra ainda me lembro
de algum tempo
na ferrugem que ficou
roendo os ossos dos meus dedos
não tenhas medo
de dizer que ainda é cedo
se alguma lágrima
sai do tempo que brotou
Estrela de Fogo
Atiçais
tudo que em mim
ainda queima e arde
fogo com o sol da tarde
carne de maçã em desalinho
lua quando chega noite
por estas noites de março
entre os lençóis e o linho
um mar em nossa janela
estrela quando brilhante
acende meus olhos em brasa
e exalas por toda casa
até na matéria bruta
perfume de mulher
como açoite
faminto que sou como a fruta
e bebo teus lábios de vinho
terceiro ato
ana quando a vida não for sacana
a gente engendra a sagarana
inventa a sagaranagem
não te preocupes luisa
com o elo da nossa engrenagem
com a direção do vento norte
ou se vem do sul esta brisa
embaixo da tua camisa
palpitam dois lindo seios
e as minhas mãos alcançam em cheio
nas cenas que já escrevi
com os sonhos que prometeu
mas que agora não são mais teus
eles ficaram por aqui
anjo em transe 3
débora é Évora pela arte inteira
flor que entrou na carne
não por pura brincadeira
mesmo se esvai é quando fica
em todo o corpo o que é dela
teus portugais em mim significa
o quanto canta ou quando cala
e aos meus olhos se revela
tua linguagem em minha fala
não quero nada que não queiras
se não quiser palavra inteira
te canto de outra maneira
mesmo mudo surdo cego
quero tudo de ti: não nego
como a cor da tua pele
que em minha pele passeia
e o fluxo do teu sangue
circulando em minha veia
arturgomes
http://juras-secretas.blogspot.com/
Beatriz a Faustino
pudesse eu divagar pelos teus poros
bosque do teu reino em teus pêlos
mergulhar contigo o mar da fonte
atravessar da carne a pele a ponte
penetrar no orgasmo dos teus selos.
pudesse eu cavalgar por tuas crinas
no dorso cavalar onde deflora
deixando assim então de ser menina
e me tornar mulher por toda sina
no inferno céu da tua hora
te beijo vestida de nua
somente a lua te espelha
nesta lagoa vermelha
porto alegre caís do porto
barcos navios no teu corpo
peixes brincam no teu cio
nus teus seios minhas mãos
e as rendas íntimas que vestias
sobre os teus pêlos ficção
todos os laços dos tecidos
e aquela cor do teu vestido
a pura pele agora é roupa
e o baton da tua boca
e o sabor da tua língua
tudo antes só promessa
agora hóstia entre os meus dentes
para espanto dos decentes
te levo ao ato consagrado
se te despir for só pecado
é só pecar que me interessa
Jura secreta 43
afora em mim grafitemas
nenhuma figuralidade
frutas legumes verduras
quem cala a fala consente
houve um dia que a dita/dura
calou a fala da gente
grafito em tua carne de pedra
medusa de sete patas
poema de sete cabeças
miragens do amor que enlouqueça
apóstolos na santa ceia
miró brincando de circo
de olho na lua cheia
Jura secreta 16
fosse esta menina monalisa
ou se não fosse apenas brisa
diante da menina dos meus olhos
com esse mar azul nos olhos teus
não sei se michelangelo da vinci
dalí ou portinari te anteviram
no instante maior da criação
pintura de um arquiteto grego
quem sabe até filha de zeus
e eu narciso amante do espelho
procuro o espelho em minha face
para ver se os teus olhos
já estão dentro dos meus
Jura Secreta 55
para Ana Gusmão
xangô é parte da pedra
exu fagulha de ferro
ogum espada de aço
faz do meu colo teus braços
oxossi carne da mata
iansã é vento fogo tempestade
yaemanjá água do mar
oxum é água doce
oxalá em ti me trouxe
te canto como se fosse
um novo deus em liberdade
Mar de Búzios
vaza sob meus pés
um rio das ostras
enquanto minha mãos em conchas
passeiam o mangue dos teus seios
e provocam o fluxo do teu sangue
os caranguejos olham admirados
a volúpia dos teus cios
quando me entregas o que traz
por entre as praias e permites desatar
todos os nós do teu umbigo
transbordando mar de búzios
- oceanos
atrlântico pulsar entre dois corpos
que se descobrem peixes
e mergulham profundezas
seja qual for a hora
em que ser beijam num pontal
em comunhão total com a natureza
Viagem Tropical
Ah! Meu amor
que maravilha!
apesar dessa quadrliha
tudo aqui vai muito bem
tudo aqui nada vai mal
isso aqui ainda é Brasílha
ou já é novo Pantanal?
a ostra e o vento
p/Branca Lima
fosse marcela uma ilha
deserta atlântica
maravilha
iria eu lá naufragar
fosse só algas e peixes
pérola ostra
armadilha
cabelos fossem só vento
seus olhos fossem só mar
Jura secreta 56
tens uma menina vadia
entre os teus olhos de ninfa
e o vulcão no teu umbigo
flor de lótus pele roxa
alguma alga marinha
na preamar das densas coxas
aberta mulher ao cio
desejo-te enquanto bebe come
onde provas do gozo ri e chora
teus beijos água de rio
mistério que me devora
curto/circuito
quem disse que amor
é mudo
surdo
cego
não sabe o que carrego
em meu estado de surto
biologicamente fulinaímica falo
sensualidade em tua boca é mato
cama em que me basta e pasto
quando um deus fiat-lux
tendo a pólvora fez o fósforo
e deu-se a primeira explosão
bola de fogo sem limites
e nos espermas de uranos
michele sato já me disse
germinou-te eva e afrodite
o ser da tropicália a tropicanAlice
e sendo adão homem primeiro
deu-me as mãos para o direito
em devorArte pela arte inteira
vênus qualquer sendo de marte
tens dentro da carne brasileira
poderosas fibras na textura
santa mulher nossa senhora
a profanação pela loucura
para equilibrar o planeta onde mora
injúria secreta
suassuna no teu corpo
couro de cor compadecida
ariano sábio e louco
inaugura em mim a vida
pedra de reino no riacho
gumes de atalhos na pedreira
menina dos brincos de pérola
palavra acesa na fogueira
pós os ismos tudo é pós
na pele ou nas aranhas
na carne ou nos lençóis
no palco ou no cinema
a palavra que procuro
é clara quando não é gema
até furar os meus olhos
com alguma cascata de luz
devassa quando em mim transcende
lamparina que acende
e transforma em mel o que era pus
poema/invenção/poema
poema/invenção/poema
inventar o nada por de trás da tarde
se é savary em olgatudo é quanto arde
se em césar castro
anjo antropofágico
radiografando o trágico
no corpo do pivete
gol de letra do moleque
federico serAfim
reinventar enfim
com ferocidade
como fogo em brasa
pra não morrer de tédio
por morar numa cidade
onde nem a minha casa
não mora mais em mim.
fulinaimicamente
do som dessa palavra
nasce uma outra palavra
fulinaimicamente
no improviso do repente
do som dessa palavra
nasce uma outra palavra
fulinaimicamente
brasileiro sou bicho do mato
brasileiro sou pele de gato
brasileiro mesmo de fato
yauaretê curumim carrapato
em rio que tem piranha
jacaré sarta de banda
criolo tô na umbanda
índio fui dentro da oca
meu destino agora traço
dentro da aldeia carioca
jackson do pandeiro
federico baudelaire
nas flores do mal me quer
artur rimbaud na festa
de janeiro a fevereiro
itamar da assunção
olha aí zeca baleiro
no olho do mundo cão
fulinaíma
misturei meu afro reggae a muito xote
do xaxado ainda fiz maracatu
maxixe frevo já juntei ao fox trote
quando dancei bumba meu boi em pernambuco
fulinaíma é punk rock
rasgando fados em bossa nova
feito blues
para pintar a pele branca de vermelho
e repintar a pele preta de azuis...
botei sanfona no rufar desse baião
tambor de minas capixaba no lundu
no paraná berimbau de capoeira
dancei em noites de lual no maranhão
mas em são paulo pedras quando rolam
pelos céus de nossas bocas meus irmão
fulinaíma azeita o caldo da mixtura
para fazer o que não jazz ainda soul
porção de restos de alguma partitura
que algum músico com vergonha recusou
por ser estranho o que naquilo descobriu
mas se a gente canta no cantar essa ternura
é que mamãe mamãe mamãe macunaíma
ainda chora pelas matas do Brasil
Goytacá Boy
gosto de cumer
a traça
e se és parte da raça
nesta selva
vira caça
se és humana
e ultrapassa
a espécie
do que caço
estás salva
dos meus dentes
mas se ainda
és curuminha
por onde vais e caminha
entre a cidade
e o matagal
pode inspirar
meu samba/enredo
e desfilar
entre os meus dedos
onde tudo é carnaval
drummundana itabirina
fedra margarida a resolvida
decidira desfilar pela última vez
portando falo
resolvera desnudar de vez
a sua outra mulher
brazílica amanheceu incrédula
cartazes faixas manchetes vozes vozerios
por todas as vias multmeios multvias
voziferavam: Não ao Sim
e margarida flor impávida
lá foi beira-mar contando estrelas no cruzeiro
e césar que não é castro
continuou a pigmentar seu mastro
no outro lado da tela
e um dia fedra sorrindo
com o pênis/baton da louca
foi ao boca de luar da Fedra
e voltou com o luar na boca
SagaraNAgens
guima meu mestre guima
em mil perdões eu te peço
por esta obra encarnada
na carne cabra da peste
da hygia ferreira bem casta
aqui nas bandas do leste
a fome de carne é madrasta
ave palavra profana
cabala que vos fazia
veredas em mais sagaranas
a morte em vida Severina
teu grande serTão vou comer
nem joão cabral severino
nem virgulino de matraca
nem meu padrinho de pia
me ensinou usar faca
ou da palavra o fazer
a ferramenta que afino
roubei do mestre drummundo
que o diabo giramundo
é o narciso do meu ser
lua cheia
tenho traficado como um bardo
farejado como um cão
coyote vira lata
por estas ruas de março
nesta cidade vadia
namorando a lua cheia
quando baixa no leblon
na sola do meu sapato
devorando a claudia raia
e mastigando este barato
olho de lince
onde engendro
a sagarana
invento
a sagaranagem
entre a vertigem
e a voragem
na palavra
de origem
entre a língua
e a miragem
mordendo: o vírus da linguagem
no olho de lince do poema
Engenho
engenho na palavra
é Arte
Arte na palavra
engenho
tenho a vida
como Arte
Arte como a vida
tenho
Detrito Federal
profano as tetas da vaca
e dou descarga na coisa privada
para limpar a coisa pública
estou aqui na república
império das empreiteiras
navios bancos fantasmas
laranjas vampiros de fato
dos esgotos surgem os ratos
nos palácios senados congressos
poeta não é o bobo da corte
poeta é pedra no sapato
governabilidade é o cacete
política não é só panfletagem
um país não é só a sacanagem
que se varre para baixo do tapete
dia d
,
furai
a pele das partículas dos poemas
viemos das gerações neoabstratas
assistindo a belos filmes de Godart
inertes em películas de Truffaut
bebendo apocalipses de Fellini
em tropicâncer genocidas de terror
, sangrai a tela realista dos cinemas
na pele experimental do caos urbano,
tragai
Dali pele entre/ossos
Glauber rugindo enTridentes
na língua do veneno o gozo das serpentes
nos frascos insensíveis de isopor
,
caímos no poder do vil orgânico
entramos no curral dos artefatos
na porta de entrada os artifícios
na jaula sem saída os mesmos pratos
Leminski Ana 9
para Marisa Francisco
o estado pode ser de choque
ou quem sabe até de surto
o soco pode ser no estômago
a facada for ferir o fígado
o bandido me assaltar na via
o sangue explodir na veia
a vodka só me der asia
todo instante que vier eu curto
a palavra que pintar eu furto
tudo o que faço é poesia.
anjo torto
meninas para mim
serão sempre meninas
jóia rara coisa fina
cássia eller zélia duncan
marisa monte ana carolina
adriana calcanhoto
não sou mário sá carneiro
nem nasci em fevereiro
eu sou eu não sou o outro
não sou pilar da ponte de tédio
mas posso ser o intermédio
pra amenizar teu desconforto
não há fórmula nem remédio
eu sou mesmo o anjo torto
um tiro oculto na gramática 2
poeta diabo de 5 letras
uma metade homem
outra metade cometa
iluminado como sol
na garganta do futuro
espírito santo na boca
em cada palavra que procuro
Retalhos Imortais do SerAfim
atiro contra o tédio infame
pedaços do meu corpo em prumo
poemas refazendo em transe
retalhos de um tecido em partes
seguindo por segundo a trilha
na etérea construção da arte
Foto.Grafia Urbana
entre a lâmina e o perfume
as garras do tigre nos teus dentes
entre a língua do lagarto
e o olho das serpentes
entre o amor e o ciúme
à flor da pele
no tecido que seduz
ou na foto que revele.
amor de telenovela
amei uma mulher que não era
mas era como se fosse
como se fosse terra
como se fosse água
como se fosse fogo
como se fosse ar
como se fosse mata
como se fosse mar
como se fosse céu
como se fosse chuva
como se fosse chão
não era uma vera ficher
mas era como se fosse
não era a débora secco
mas era como se fosse
nem carolina dickman
mas era como se fosse
não era nicole kidman
mas era como se fosse
nem marieta severo
mas era como se fosse
não era uma imperatriz
mas o nosso castelo
era como se fosse
as Minas do Rei Salomão
amei esta mulher feliz
que era como se fosse
atriz de televisão.
20 de fevereiro
fosse quântico esse dia
calmo
claro
intenso
inteiro
20 de fevereiro
sendo assim esperaria
mesmo que em meio a tarde
tempestades trovoadas
insanidades
guerras frias
iniquidade
angústia
agonia
mesmo assim esperaria
20 horas
20 noites
20 anos
20 dias
até quando esperaria?
até que alguém percebesse
que mesmo matando o amor
o amor não morreria
LadyGumesAfrincan'sBaby
para Samaral in/memorian
meto meus dedos cínicos
no teu corpo em fossa
proclamando o que ainda possa
vir a ser surpresa
porque amor não tem essa
de cumer na mesa
é caçador e caça
mastigando na floresta
todo tesão que resta
desta pátria/indefesa.
ponho meus dedos cínicos
sobre tuas costas
vou lambendo bostas
destas botas neoBurguesas
porque meu amor não tem essa
de vir a ser surpresa
é língua suja/grossa/visceral/ilesa
pra lamber tudo o que possa
vomitar na mesa
e me livrar da míngua
desta língua portuguesa
Meta Língua
onde falo sagarana
leiam sagaranagem
junção de gana e garagem
engrenagem que move o mundo
músculo do automóvel
extirpado do sub-mundo
da grafia
da gramática
poema não matemática
linguagem prosa no verso
dos campos beijo as galáxias
em serAfim o concreto
revejo as liras de antes
em guimarães o projeto.
mamãe coragem
numa canção do lenine
o peixe está na rede
o mar está com sede
o rio agora chora
onde esta cidade pedra
veracidade medra
eu te esfinjo drama
onde a ferocidade fedra
eu te desejo deda
eu te devoro dama
pensando a trama do torquato
eu disse mamãe coragem
a vida é sagaranagem
fulinaíma é viagem
te levo na minha bagagem
não chora mamãe não chora
Baby é Cadelinha
devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob o esterco de vênus
onde me perco mais me encontro menos
de tudo o que não sei
só fere mais quem menos sabe
sabre de mim baioneta estética
cortando os versos do teu descalabro
visto uma vaca triste como a tua cara
estrela cão gatilho morro:
a poesia é o salto de uma vara
disse-me uma vez só quem não me disse
ferve o olho do tigre enquanto plasma
letal a veia no líquido do além
cavalo máquina meu coração quando engatilho
devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob os demônios de eros
onde minto mais porque não verus
fisto uma festa a mais que tua vera
cadela pão meu filho forro:
a poesia é o auto de uma fera
devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob os panos
quem incesta?
perfume o odor final do melodrama
sobras de mim papel e resma
impressão letal dos meus dedos imprensados
misto uma merda a mais que tua garra
panela estrada grão socorro:
a poesia é os fausto de uma farra
poÉtica
tudo o que há em mim
é canto
tudo o que há em mim
é fala
por isso
mesmo quando Mudo
o que há dentro de mim
não cala.
Foto.Grafia anti Nuclear
meu objeto concreto
é um poema abstrato
impressionista
realista
quem sabe até
neo concretista
poderoso artefato
uma bomba de hiroshima
uma rosa parafina
ou quem sabe uma menina
que conheci
só no retrato
VeraCidade
porque trancar as portas
tentar proibir as entradas
se já habito os teus cinco sentidos
e as janelas estão escancaradas?
um beija-flor risca no espaço
alguma letras de um alfabeto grego
signo de comunicação indecifrável
eu tenho fome de terra
e esse asfalto sob a sola dos meus pés
agulha nos meus dedos
quando piso na augusta
o poema dá um tapa
na cara da paulista
flutuar na zona do perigo
entre o real e o imaginário
joão guimarães rosa
caio prado martins fontes
um bacanal de ruas tortas
eu não sou flor que se cheire
nem mofo de língua morta
o correto deixei na cacomanga
matagal onde nasci
com os seus dentes de concreto
são paulo é quem me devora
e selvagem devolvo a dentada
na carne da rua aurora
guimarães/rosa
a rosa de guimarães
não é apenas palavra prosa
muito menos pura poesia
ave palavra magma
grande sertão sagarana
veredas do mato dentro
a rosa de guimarães
é grande jardim planetário
na construção do espaço/tempo
que ainda hoje cultivo
no meu quintal imaginário
e colho dessa matéria
o essencial elemento.
sagração da primavera
se sou teu vinho
me beba
se sou tua carne
me coma
para matar a tua sede
para aumentar a tua fama
me leva
pra tua rede
me leva
pra tua cama.
elemento/fúria
teus dentes instigam
meus instintos
trama
em que a língua
tara
trafego tuas trilhas
e tramo a telha
que me der na tralha
palavra é instrumento solto
entre sorriso e dentes
enquanto língua em minha fala.
carNAvalha
beberei em teu sorriso
licores do céu da tua boca
mesmo suja de baton ou louca
em nossa sede visceral
quero teu cio baby
tuas dádivas de Vênus
amor é mais nunca de menos
que seja a vinho gin ou coca
que seja a ópio ou serpentina
lança perfume ou cafeína
beber teus olhos minha sina
FlorBela
fosse apenas uma menina
mesmo assim a rima
desce no mais íntimo
fundo do teu íntimo
muito pra lá de onde
a tua boca chora
onde a lágrima é brasa
e acende a chama quente
como um beijo líquido
no teu cio aceso
entre os teus seios entre
é onde falo no teu corpo agora
Indiscreta
outras imagens outras
se escrevesse ou me dissesse
e Clarisse ainda me disse
teu fogo inda me devora
arde queima consome
tua língua lambe meu nome
na bruma branca das horas
anjo em transe 1
fosse o que apenas já foi dito
escrito falado pensado
não fosse tudo o que já foi maldito
e nada do que nunca foi sagrado
falo em tua boca enquanto
um anjo em transe
me ilumina tanto
que mesmo mudo
em tua língua canto
como um diabo
que subindo aos céus
tentou muito mais de uma vez
quem sabe gregório ou quem sabe castro
descendo aos infernos
como sempre fez
talvez camões no corpo de um astro
me lance infinita a chama
da pornoGráfica lucidez
Marina de La Riva
voz de onde me vem
Marina mar de corais e sais
ilhas tropicais
em si em sóis
em lá
de onde me vem
esta mulher
em sons vocais
e sendo ainda de la riva
eu vi menina
com tua iris
feminina
nos verdes campos
dentro os meus canaviais
Jura Não Secreta
quero dizer que ainda arde
tua manhã em minha tarde
a tua noite no meu dia
quero dizer que ainda é cedo
ainda tenho o samba enredo
é só vestir a fantasia
quero ser teu mestre sala
e você porta/badeira
quando chegar na quarta feira
a gente inventa outra fulia
Jura secreta 45
de Dante a Chico Buarque
todos poetas já cantaram suas musas
beatriz são todas
beatriz são tantas
beatriz são muitas
beatriz são quantas
algumas delas na certa
também já foram cantada
por este poeta insano e torto
pra lhes trazer o desconforto
do amor quando bandido
beatriz são nomes
mas este de quem vos falo
não revelo o sobrenome
está no filme sagrado
na pele do acetato
na memória do retrato
beatriz no último ato
da divina comédia humana
quando deita em minha cama
e come do fruto proibido
Black billy
ela tinha um jeito gal – fatal vapor barato
toda vez que me trepava as unhas como um gato
cantar era seu dom chegava a dominar a voz
feito cigarra
cigana ébria vomitando doses do seu canto
uma vez só subiu ao palco
estrela no hotel das prateleiras
companheira de ratos na pele de insetos
praticando a luz incerta no auge do apogeu
a morte não é muito mais que um plug elétrico
um grito de guitarra uma centelha
logo assim que ela começa
algo se espelha na carne inicial
de quem morreu
Pornofônico confesso
se este poema inocente
primitivo natural indecente
em teu pulsar navegante
entrar por tua boca entre dentes
espero que não se zangue
se misturar o meu sangue
em teu pensar quando antropo
por todas bocas do corpo
em total porno grafia
na sagração da mulher
me diga deusa da orgia
se também tu não me quer
quando em ti lateja e devora
palavra por palavra
por dentro e por fora
em pornofonia sonora
me diga lady senhora
nestes teus setenta anos
se nunca gozou pelos ânus
me diga bia de dora
num plano lítero/estético
qual cibernético ou humano
que te masturba ou te deflora
Brasília
goi áis cerrado bordado
vestido de cora coralina
as vezes me deixa encantado
outras vezes me alucina
me transforma em leopardo
nas garras da tua menina
piqui fruto do mato
olho de boi visgo de jaca
jaraguá jaquatirica
ceilândia olho de vaca
taguatinga em meu retrato
brasília em mim significa
sabor de carne mordida
lambida até o caroço
na boca da bia morena
que mora em meu poema
sem alarde
alvorada ou alvoroço
bolero blue
beber de conhac
em tua boca
para matar a febre
nas entranhas entre os dentes
indecente
é a forma que te como
bebo ou calo
e se não falo quando quero
na balada ou no bolero
não é por falta de desejo
é que a fome desse beijo
furta qualquer outra palavra presa
como caça indefesa
dentro da carne que não sai
vôo rasante
desce
ao mais secreto
ao submerso
submundo
desse mundo
que o amor
é mais propfundo
não cabe em superfície
só no fundo
Jura Secreta 54
moro no teu mato dentro
não gosto de estar por fora
tudo que me pintar eu invento
como o beijo no teu corpo agora
desejo-te pelo menos enquanto resta
partícula mínima micro solar floresta
sendo animal da mata atlântica
quântico amor ou meta física
o que em mim não tem respostas
metáfora d´alquimim fugaz brazílica
beijo-te a carne que te cobre os ossos
pele por pele pelas tuas costas
os bichos amam em comunhão na mata
como se fosse aquela hora exata
em que despes de mim o ser humano
e no corpo rasgamos todo pano
e como um deus pagão pensamos sexo.
Sangração das Minas
quando penetrei teus Montes Claros
rocei os pêlos das montanhas brancas
flocos de neve entre as tuas coxas
onde a boca me engolindo falo/dedos
como se as Minas
no pátio não houvesse trancas
nem nos currais cancelas
como se o esperma
do meu corpo quente
fosse somente
o alimento delas
mastigado entre seus dentes
de jaguatirica
sangrado fui teu Ouro Preto
quando devorei tua Vila Rica
nina & louise
quando meus olhos te vêem
com àquelas meias listradas
e o vermelho nariz de palhaço
brinca em meu peito a infância
que nunca deixou de existir
guardada em algumas gavetas
das sete vértebras humanas
razão do ser que vivi
Esfinge 3
érica alice por quanto mais
eu não a visse estava ali
uma miragem
sem que eu fingisse
só voragem
uma mosca em minhas costas
tatuagem quase oposta
a mulher que em carne eu visse
me olhando bem de frente
com teus olhos de serpente
azuis que de repente
devoravam-me no que disse
lavra palavra
a lavra da palavra quero
quando for pluma
mesmo sendo espora
felicidade uma palavra
quando a lavra explora
se é saudade dói
mas não demora
e sendo fauna
linda como a flora
lua luanda
vem não vá embora
se for poema
fogo do desejo
quando for beijo
que seja como agora
Avatar
avatar/esfinge
o que importa?
se aberta a tua porta
me transporta para o mar
e a janela por detrás
das tuas costas
mostra a linha do horizonte
que divide o equador
estrada/ponte
que me leva
seja lá por onde for
sobre as ondas teresina
se queres que eu grite
a morte da natureza morta
antes pense Magritte
a natureza reta
de alguma palavra torta
sobre o sangue a flor da pele
Michelle nua me entorta
em ondas de mar e lua
Gisele levita atrás da porta
Funk Dance Funk
a noite inteira invento joplin na fagulha
jorrando cocker na fornalha
funkrEreção fel fala
fábio parada de Lucas é logo ali
trilhando os trilhos centrais do braZil.
rajadas de sons cortando os ínfimos
poemas sonoros foram feitos para os íntimos
conkretude versus conkrEreção
relâmpagos no coice do coração.
quando ela canta eleonora de lennon
lilibay sequestra a banda no castelo de areia
quando ela toca o esqueleto de Lorca
salta do som em movimento enquanto houver
e federika ensaia o passo que aprendeu com mallarmé
punkrEreção pancada
onde estão nossos negrumes?
nunkrEreção negróide nada.
descubro o irado Tião Nunes
para o banquete desta zorra
e vou buscar em Madureira
a Fina Flor do Pau Pereira.
antes que barro vire borra
antes que festa vire forra
antes que marte vire morra
antes que esperma vire porra,
ó baby a vida é gume
ó mather a vida é lume
ó lady a vida é life!
Drummundo
eu sou drummundo e me confundo
na matéria amorosa
posso estar na fina flor da juventude
ou atitude de uma rima primorosa
e até na pele/pedra quando invoco
e me desbundo baratino
e então provoco umbarafundo cabralino
e meto letra no meu verso estando prosa
e vou pro fundo do mais fundo
o mais profundo mineral
guimarães rosa
Marçal Tupã
meu coração marçal tupã
sangra tupi & rock and roll
meu sangue tupiniquim
em corpo tupinambá
samba jongo maculelê
maracatu boi-bumbá
a veia de curumim
é coca cola & guaraná
engenho 484
para Jiddu Saldanha
arrancar do gesto
a palavra chave
da palavra a imagem xis
tudo por um risco
tudo por um triz
o trem bala
cospe esqueletos
no depósito da central
fuzil pode ser nosso brinquedo
- novo enredo -
para o próximo carnaval.
e pelas mãos do tempo levarei as tuas como cara/velas de um mar sem tempo ou eras quando a primavera ainda flor de lótus ou a flor do lácio quando abrir teus cios esta flor em pétala quando em teus cabelos pele flor e pêlos eu navegar teus rios te levarei por mares nunca dantes navegados lá onde descobrirei o mistério do azul nestes teus olhos planeta que ainda hei de habitar por dentro lá onde o centro do universo mora e meu verso ficará plantado em todos os segundos que viver na tua hora
EntriDentes 2
paixão é fome fogo festa
quando a foto traz o nome
quando o nome o fogo empresta
o vermelho na parede
o carnaval em tuas unhas
acende a fogueira de lácio
e olivácio salto em transe
no trampolim da tua boca
rasgando a carne que transpunha
as tuas roupas de bruxa
entre pêlos e tecidos
no espaço dos mistérios
na lâmina entre os dentes
a palavra em tua língua
na saliva das serpentes
como o veneno
mais profundo
lambendo os olhos do teu corpo
sob os lençóis do meio dia
enquanto o que pesa
é quanto vale
onde com sangue
escreveria
: se não fosses Eva quem seria?
dani-se morreale
Se ela me pisar nos calos
Me cumer o fígado
Me botar de quatro
Assim como cavalo
galopar meus pêlos
devorar as vértebras
Dani-se
Se ela me vier de unhas
Me lascar os dentes
Até sangrar meu sexo
Me enfiar a faca
Apunhalar meus olhos
Perfurar meus dedos
Dani-se
Se o amor for bruto
Até mesmo sádico
Neste instante lírico
Se comédia ou trágico
Quero estar no ato
E Dani-se o fato
Deste sangue quente
Em tua boca dos infernos
Deixa queimar os ossos
E explodir os nossos
Poemas
Pós modernos
Profanalha Nu Rio
a flecha de são sebastião
como ogum de pênis/faca
perfura o corpo da glória
das entranhas ao coração
do catete ao largo do machado
onde aqui afora me ardo
como bardo do caos urbano
na velha aldeia carioca
sem nenhuma palavra bíblica
e muito menos avária
: orgasmo é falo no centro
lá dentro da candelária
Metáfora
cavalo passo em tua janela e sem rédeas arreios ou celas alazão que sou de selvagens pradarias lagarto a soltar a pele depois de 40 dias me verão eu tigre expulso das jaulas farejando a caça pelos becos das tardes onde estão os alucinados da cidade enquanto ardendo ao sol a carne do meu corpo de estrelas cadentes e luas menstruadas despeja sobre teus olhos uma enchurrada de palavras como as cachoeiras que ainda não conheces e delas ainda não provou do líquido que teima em escorrer entre as tuas coxas onde minha língua há de beber um dia em que os sentido me despertem e eu vá olhar os lírios nos pântanos.
Unplugged(não ria é sério)
quero botar no teu orkut
um negócio sem vergonha
um poema descarado
ta chegando fevereiro
e meu Rio de Janeiro
fica lindo mascarado
quero botar no teu e-mail
um negócio por inteiro
que eu não sou zeca baleiro
pra ficar cantando a mama
que ainda tem medo do papa
meu negócio é só com a mina
que me trampa quando trapa
meu negócio é só com a mina
que me canta ouvindo o rappa
Met/Áfora 2
não me verás lugar algum enquanto os dentes não forem postos e na mesa tenha espaço para todos esse país que atravesso corpo devasso grito na cara do silêncio na boca dos escravizados eu que venho das profundezas desse tempo escuro onde as caras soterradas no asfalto onde os homens de verde desejavam chumbo sobre nossas palavras não me verás lugar algum o rosto que em mim verás agora é uma máscara que o tempo se encarregou de moldurar sobre o pescoço.
Pétala em Transe: tipo graficamente
em alguma esquina da tarde vejo em alguma vitrine que o sangue é vermelho em quem arde tipo graficamente e leio em teus olhos d´água em transversal transcendente a palavra: diagramação e deda é onde te beijo dédala mais tarde logo depois diante o computador no poema li teus olhos na tela quando um beija-flor me revela: não és pedra ou matéria in/odor és sim: pétala em transe e paixão as letras escorrem em teus dedos nas manchetes de um jornal semanário sem querer descobri teu diário onde já estão lá os segredos deste amor que me é profissão onde deito em teu corpo os vinhedos e em teu ser já deixei minhas mãos
antropofagicamente
cumer or not cumer?:
this is the question
se é para matar a fome aline
se é para matar a sede alice
se é para cumer teu nome
metáfora tropicana
lambe a tropicAnalice
e com a letra que restar do sobrenome
reInvento a tropicália
vais me ter em sagarana
mordo teus lábios de cigana
e só tua boca me define
indicativo presente
olho dentro do teu olho
para que olhe na minha cara
e cara a cara me diga
a quantas anda a nossa briga
do nosso amor pela ética
se é tão estranha a poética
do só pensar lá na frente
que eu já até perdi a conta
nesse pretérito faz de contas
das quantas vezes
que já votei pra presidente
e o nosso país do futuro
que nunca chega no presente
Flor de Lótus
Eva é quando chegas
e te apossas dos meus lábios
por inteiro
como se arte fosses
e teu corpo flor de lótus
nascendo aqui na minha cara
quando me vens
com tais palavras
e me vira pelo avesso
Eva que enfim foste o começo
quando a maçã em mim devora
fogo do amor não tem segredo
chama que queima a qualquer hora
Luz do Sol
fosse-me então matéria prima
sendo mulher mais que uma rima
Vanessa artéria me atravessa
a veia aorta
e me transporta
a outros climas no cinema
e sendo nega
não me nega
a luz na pele
e sendo pele me revela
o quanto és gente
e sendo gente
me aporta
enquanto vela
e sendo ela
acende a chama
pelos mares que atravessa
terra/mãe
agora que pairas sobre o tempo
quando o tempo ainda é tempo
ou quando invento no meu corpo
este teu tempo de existir
e reInvento o que ainda não existe
ou quando o tempo já se foi
sem sequer se existisse
ou se não visses tudo em ti
se já passou
agora mãe
é quando terra ainda me lembro
de algum tempo
na ferrugem que ficou
roendo os ossos dos meus dedos
não tenhas medo
de dizer que ainda é cedo
se alguma lágrima
sai do tempo que brotou
Estrela de Fogo
Atiçais
tudo que em mim
ainda queima e arde
fogo com o sol da tarde
carne de maçã em desalinho
lua quando chega noite
por estas noites de março
entre os lençóis e o linho
um mar em nossa janela
estrela quando brilhante
acende meus olhos em brasa
e exalas por toda casa
até na matéria bruta
perfume de mulher
como açoite
faminto que sou como a fruta
e bebo teus lábios de vinho
terceiro ato
ana quando a vida não for sacana
a gente engendra a sagarana
inventa a sagaranagem
não te preocupes luisa
com o elo da nossa engrenagem
com a direção do vento norte
ou se vem do sul esta brisa
embaixo da tua camisa
palpitam dois lindo seios
e as minhas mãos alcançam em cheio
nas cenas que já escrevi
com os sonhos que prometeu
mas que agora não são mais teus
eles ficaram por aqui
anjo em transe 3
débora é Évora pela arte inteira
flor que entrou na carne
não por pura brincadeira
mesmo se esvai é quando fica
em todo o corpo o que é dela
teus portugais em mim significa
o quanto canta ou quando cala
e aos meus olhos se revela
tua linguagem em minha fala
não quero nada que não queiras
se não quiser palavra inteira
te canto de outra maneira
mesmo mudo surdo cego
quero tudo de ti: não nego
como a cor da tua pele
que em minha pele passeia
e o fluxo do teu sangue
circulando em minha veia
arturgomes
http://juras-secretas.blogspot.com/
Beatriz a Faustino
pudesse eu divagar pelos teus poros
bosque do teu reino em teus pêlos
mergulhar contigo o mar da fonte
atravessar da carne a pele a ponte
penetrar no orgasmo dos teus selos.
pudesse eu cavalgar por tuas crinas
no dorso cavalar onde deflora
deixando assim então de ser menina
e me tornar mulher por toda sina
no inferno céu da tua hora
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