Assombros
Às vezes, pequenos grande terremotos
Ocorrem do lado esquerdo do meu peito.
Fora, não se dão conta os desatentos.
Entre a aorta e a omoplata rolam
alquebrados sentimentos.
Entre as vértebras e as costelas
há vários esmagamentos.
Os mais íntimos
já me viram remexendo escombros.
Em mim há algo imóvel e soterrado
Em permanente assombro.
Affonso Romano de Sant´Anna
Poesia do Brasil – Vol. 17
Ed. Grafite – XXI Congresso Brasileiro de Poesia
Bento Gonçalves-RS – Outubro 2013
Às vezes, pequenos grande terremotos
Ocorrem do lado esquerdo do meu peito.
Fora, não se dão conta os desatentos.
Entre a aorta e a omoplata rolam
alquebrados sentimentos.
Entre as vértebras e as costelas
há vários esmagamentos.
Os mais íntimos
já me viram remexendo escombros.
Em mim há algo imóvel e soterrado
Em permanente assombro.
Affonso Romano de Sant´Anna
Poesia do Brasil – Vol. 17
Ed. Grafite – XXI Congresso Brasileiro de Poesia
Bento Gonçalves-RS – Outubro 2013
Enredo para quarta-feira
claro como ver o sol
que brinca feito um gato
na contradança real da cidade
escarrando na manhã dos favelados:
brilhos e bactérias.
calma na manhã verde-rosa
acossada aos tapumes,
e as cinzas sob o claro
e o teto sobre a cara
amanhecendo os pandeiros,
silenciando os enredos: ali,
na revanche dos olhos,
entre ar-
canos e pipas-alarde
o vento alude
uma pavana para Cartola.
e novamente haverá
salários baixos, fome, sangue
e paciência,
até o próximo carnaval?
Salgado Maranhão
do livro A Cor da Palavra
Prêmio da Academia Brasileira de Letras - 2011com
Trem Da Consciência
Música: Vital Farias
Poema: Salgado Maranhão
Voz: Zeca Baleiro
Não espere que eu fale só de estrelas
Ou do vinho feliz
Que eu não tomei
Porque
Fora de mim
Não levo além da sombra
Uma camisa velha
E dentro do peito
Um balde de canções
Uma gota de amor
No útero de uma abelha
Não repare se eu não frequento o clube
Dos que sugam o sangue das ovelhas
Ou amargam o mel
Dessa colméia
É que eu já vivo
Tão pimenta
Tão petróleo
Que se você acende os olhos
Me incendeia
Hoje em dia
Pra gente amar de vera
É preciso ser quase
Um alquimista
Ou talvez o maquinista
Do trem da consciência
Pra te amar com tanta calma
E com tanta violência
Que a tua alma fique
Toda ensanguentada
De vivência
Jura secreta 16
para May Pasquetti
fosse esta menina Monalisa
ou se não fosse apenas brisa
diante da menina dos meus olhos
com esse mar azul nos olhos teus
não sei se MichelÂngelo
Da Vinci Dalí ou Portinari te anteviram
no instante maior da criação
pintura de um arquiteto grego
quem sabe até filha de Zeus
e eu Narciso amante dos espelhos
procuro um espelho em minha face
para ver se os teus olhos
já estão dentro dos meus
artur gomes
http://juras-secretas.blogspot.com
para May Pasquetti
fosse esta menina Monalisa
ou se não fosse apenas brisa
diante da menina dos meus olhos
com esse mar azul nos olhos teus
não sei se MichelÂngelo
Da Vinci Dalí ou Portinari te anteviram
no instante maior da criação
pintura de um arquiteto grego
quem sabe até filha de Zeus
e eu Narciso amante dos espelhos
procuro um espelho em minha face
para ver se os teus olhos
já estão dentro dos meus
artur gomes
http://juras-secretas.blogspot.com
Epílogo
na quase esquina
não há vaga
perdeu-se o tato
perdeu-se a valsa
perdeu-se o enlace
na quase esquina
não vale
não vale o dote _ não vale
não vela a pena _ não vale
não vale o trote _ não vale
não vale o chumbo _ não vale
não vale o passe
jorrado na face
Cláudia Gonçalves
Poesia do Brasil – Vol. 17
Ed. Grafite – XXI Congresso Brasileiro de Poesia
Bento Gonçalves – outubro 2013
Vidráguas
Porque chove...
Tudo é água
que empoça e embacia
Tudo é lágrima
que sublima, condensa e lava
Porque choro...
Chovo mais que o céu
Transbordo-me
Parto palavras como se ossos se liquifizessem
Porque chove
Versejo em gotas de ilusão
Espanto as horas mormacentas
Granito janelas na rua
Porque chove...
Salpico meus pesadelos
Nessas Vidráguas, encontro a poeta
Brindamos vidros com água...
Carmen Silvia Presotto
Poesia do Brasil -0 Vol. 17
Ed. Grafite – XXI Congresso Brasileiro de Poesia
Bento Gonçalves-RS – outubro 2013
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