Metáfora 1
a fruta dentro da lata
a lata dentro da fruta
não era nada demais
apenas puta poema
apenas poema puta
a fruta comendo a lata
a lata comendo a fruta
Artur Gomes
www.juras-secretas.blogspot.com
avisto o mar amaralina
vejo o farol na praia
na areia vejo a menina
não é metáfora
ela tem a boca de nuvens
girassóis entre os joelhos
algas perto das coxas
estrela do mar nos cabelos
poema escrito no sexo
com letras de serpentina
a tatuagem nas costas
a flor da pele retina
é preciso não ter pressa
para entender o que eu digo
ela tem um jeito gal
um furacão no umbigo
a voz de mil oceanos
marés de outras marinas
ouriços presos na língua
de tudo que não se sabe
nada me satisfaz
o movimento dos barcos
o mar de fogo no cais artur gomes http://pelegrafia.blogspot.com/
fosse pimenta fruta farta felicidade tua voz seria sereia mar marina maresia fogueira acesa no teu corpo santo como farol de lua pra espantar quebranto
porrada lírica
grávida lesma passeia lentamente na calçada rente a vida por um fio o tempo preso no seu ventre como se derepente mergulhasse fundo no rio
bolero blue
beber desse conhac em tua boca para matar a febre nas entranhas entredentes indecente é a forma que te como bebo ou calo e se não falo quando quero na balada ou no bolero não é por falta de desejo é que a fome desse beijo furta qualquer outra palavra presa como caça indefesa dentro da carne que não sai
oh! my brazil ainda em alto mar cabral quando te viu foi logo gritando: terra à vista! e de bandeja te entregando pra união democrática ruralista.
ê fome negra incessante febre voraz gigante ê terra de tanta cruz
onde se deu primeira missa índio rima com carniça no pasto pros urubus
por aqui nem só beleza nesses dias de paupéria nação de tanta riqueza país de tanta miséria
terra de santa cruz ao batizarem-te deram-te o nome: posto que a tua profissão é abrir-te em camas dar-te em ferro ouro prata rios peixes minas mata deixar que os abutres devorem-te na carne o derradeiro verme
salgado mar de fezes batendo na muralhas do meu sangue confidente quem botou o branco na bandeira de alfenas só pode ser canalha na certa se esqueceu das orações dos penitentes e da corda que estraçalha com os culhões de tiradentes
salve lindo pendão que balança entre as pernas abertas da paz tua nobre sifilítica herança dos rendez-vous de impérios atrás
meu coração é tão hipócrita que não janta e mais imbecil que ainda canta: ou viram no ipiranga às margens plácidas uma bandeira arriada num país que não levanta
só desfraldando a bandeira tropicalha é que a gente avacalha com as chaves dos mistérios dessa terra tão servil tirania sacanagem safadeza tudo rima uma beleza com a pátria mãe que nos pariu
bem no centro do universo te mando um beijo ó amada enquanto arranco uma espada do meu peito varonil espanto todas estrelas dos berços do eternamente pra que acorde toda essa gente deste vasto céu de anil pois enquanto dorme o gigante esplêndido sono profundo não vê que do outro mundo robôs te enrabam ó mãe gentil
telefonaram-me avisando-me que vinhas na noite uma estrela ainda brigava contra a escuridão na rua sob patas tombavam homens indefesos esperei-te 20 anos ate hoje não vieste à minha porta
o poeta estraçalha a bandeira raia o sol marginal quarta feira na geléia geral brasileira o céu de abril não é de anil nem general é my brazil minha verde/amarela esperança portugal já vendeu para frança e coração latino balança entre o mar do dólar do norte e o chão dos cruzeiros do sul
o poeta esfrangalha a bandeira raia o sol marginal sexta feira nesta porra estrangeira e azul que há muito índio dizia:
meu coração marçal tupã sangra tupy & rock and roll meu sangue tupiniquim em corpo tupinambá samba jongo maculelê maracatu boi bumbá a veia de curumim é coca cola & guaraná
o sangue rola no parque o sonho ralo no tanque nada a ver com tipo dark e muito menos com punk meu vício letal é baiafro com ódio mortal de yank
ó baby a coisa por aqui não mudou nada embora sejam outras siglas no emblema espada continua a ser espada poema continua a ser poema
neste país de fogo & palha se falta lenha na fornalha uma mordaz língua não falha cospe grosso na panela da imperial tropicanalha
não metam neste planos verdes/amarelos meus dentes vãos/armados nem foices nem martelos meus dentes encarnados alvos brancos belos já estão desenganados desta sopa de farelos
meto meus dedos cínicos no teu corpo em fossa proclamando o eu ainda possa vir a ser surpresa porque meu amor não tem essa de cumer na mesa é caçador e caça mastigando na floresta todo tesão que resta desta pátria indefesa
ponho meus dedos cínicos sobre tuas costas vou mastigando bostas destas botas neoburguesas porque meu amor não tem essa de vir a ser supresa é língua suja e grossa visceral ilesa pra lamber tudo que possa vomitar na mesa e me livrar da míngua desta língua portuguesas